Sistema educacional dos povos indígenas é tema da palestra de abertura de seminário

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O Programa de Pós-graduação Strticto Sensu em Educação — Mestrado e Doutorado da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) está realizando, de forma on-line, desde segunda-feira (15), a 11ª edição do "Seminário Povos Indígenas e Sustentabilidade - Uma outra educação é possível?", um espaço de discussão e socialização de pesquisas e trabalhos sobre o tema, tendo em vista contribuir para a formação de profissionais indígenas e não indígenas que melhor atendam as demandas de suas comunidades e da sociedade em geral. O evento é transmitido pelo YouTube oficial da Católica. 

A palestra de abertura foi ministrada por Rosani Kamury Kaingang, graduada em Pedagogia, mestre em Direito, doutora em Antropologia e docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). “Nós, povos indígenas, temos nossos próprios sistemas educacionais, então eu parto dessa premissa de que estamos falando a partir de sistemas indígenas próprios, de cosmologias específicas, criadas. Assim como todos os sistemas educacionais, sejam eles indígenas ou ocidentais, são sistemas construídos a partir de cosmovisões, relações com território, de relações com o espaço de vida, de vivência, que constitui nosso espaço de bem viver”, destacou a palestrante. 

Ela disse ainda que é preciso delimitar a educação como sistema próprio dos povos indígenas. “Sistemas transmitidos tradicionalmente via oralidade, com metodologias muito específicas, muito circunscritas a cada realidade e a cada especificidades dos mais de 305 povos que vivem no Brasil hoje, mas também precisamos olhar para nossas comunidades, para os contextos urbanos e pensar também que a nossa educação é feita a partir desse instrumento desse espaço colonizador, que é a escola”, reforçou.

Outro ponto reforçado pela palestrante é a importância do espaço para o diálogo intercultural. “Isso coloca em destaque justamente as parcerias, que consideramos importantes para não só construir a educação escolar das nossas comunidades, mas construir pontes e diálogos interculturais, nas universidades, na sociedade brasileira, na pesquisa e nos projetos que desenvolvemos nas nossas comunidades”.

O coordenador do Programa de Pós-graduação Mestrado e Doutorado em Educação da UCDB, professor José Licínio Backes, aproveitou para agradecer aos organizadores, em especial a professora Dra. Adir Casaro Nascimento e reforçar a importância do evento. “De certa forma, se nós, não indígenas, temos ainda elementos e condições de pensar na possibilidade de que outra educação é possível, isso nós devemos muito à luta e resistência dos povos indígenas do que eventuais teorias que elaboramos, seja no campo do currículo ou no campo da educação. Porque os povos indígenas desde sempre estão nos dizendo e mostrando que efetivamente é possível construir uma educação, outra, que não seja aquela apenas baseada nos conhecimentos ocidentais, nos conhecimentos eurocêntricos, que tantos problemas têm trazido”. 

A conferência contou ainda com a palestra de José Ribamar Bessa Freire (Unirio/UERJ). A mediação ficou a cargo do professor Heitor Queiroz de Medeiros. Ontem (16), ocorreu a mesa-redonda: "Uma outra educação é possível", com Danielle Munduruku (Foreeia), Gileandro Barbosa Pedro (Faind/ UFGD) e Maria Aparecida Bergamaschi (UFRGS), com a mediação de Antônio Carlos Seizer da Silva (Cefpims/UCDB).

Nesta quarta-feira (17), às 18h30, será a mesa-redonda: "Outra educação já existe!", com a participação de Isael da Silva Pinheiro (Rede Baobá / Ação Saberes Indígenas na Escola), Valdelice Veron (Aty Guassu/Cone Sul) e Wagner Roberto do Amaral (UEL), com mediação de Genivaldo Scaramuzza (Unir). As considerações finais serão feitas por Antônio Hilário Aguilera Urquiza (UFMS) e Ronaldo Júlio (aldeia Cachoeirinha, Miranda).  A transmissão é pleo YouTube oficial da Católica.