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Na sua caminhada para Jerusalém, Jesus atravessa a Galileia e a Samaria e, como sempre acontece, encontra dez leprosos. As regiões e os leprosos dizem como Jesus entra em contato com uma realidade de total marginalização e abandono. De fato, conviviam, nas duas regiões, tranquilamente, judeus e pagãos, depois da divisão do reino, em 931 a.C.
Jesus entra com todo o seu vigor e toda a sua força nesse mundo marcado pela dor e pela provação. É preciso lembrar que a doença pertencia ao universo religioso e era considerada uma punição infligida pela divindade devido aos pecados cometidos pelo homem. Por essa razão, a doença podia sair somente com a intervenção salvadora de Deus.
Em tal contexto, a presença de Jesus diz que estamos diante da realização dos tempos messiânicos. Mas para que tais tempos encontrem a sua plenitude e seu espaço positivo na vida do homem, é importante relacionar-se com o Senhor com um espírito de fé.
Na verdade, no samaritano que, antes de ir ao templo para se purificar, volta a Jesus, é preciso ver o homem que confessa haver encontrar no Senhor o ponto de referência, a razão da sua vida e a estrela polar que ilumina o seu caminho. Na atitude do samaritano está presente o desejo da humanidade que não deveria se satisfazer de absorver única e exclusivamente alguns preceitos, mas, ao ter encontrado o Senhor da Vida, rompe com uma tradição estéril e sem significado e se orienta para uma comunhão indissolúvel.
A fé, para esse homem curado, é relação pessoal com Deus, uma ligação estreita, diálogo profundo, capacidade de sair de situações que levam a vida a perder o seu sentido, espiritualmente falando, insignificante. Na presença de Jesus que se aproxima de nós para nos elevar, livrar-nos de uma situação de pecado, até chegar a transformar o nosso coração de pedra em coração de carne.
Então, a fé se torna acolhimento da salvação trazida por Jesus. Tal salvação não parte de uma purificação exterior, mas tem como finalidade purificar antes de tudo a vida interior.
Uma vez que o homem gosta e aprecia a beleza de estar em sintonia consigo mesmo e com os outros, não se preocupa com as várias dificuldades. Porem, a fé lhe diz que nas adversidades tem como companheiro de viagem o próprio Jesus, que não abandonou o homem a si mesmo e ao seu próprio destino, mas se lhe tornou próximo, sustenta-o e o cura com o seu imenso e infinito amor.
A beleza e a profundidade da vida de fé é justamente esta: saber que ao nosso lado existe Alguém que nos sustenta e nos encoraja e faz isso de forma gratuita, só porque nos ama. Uma vez visitados pela graça de Deus, não é preciso ficar inertes, mas é preciso agradecer ao Senhor que quis visitar o mundo dos marginalizados.
Eis, então, que a fé se torna “ação de graças”. A Deus, que se faz presente em Jesus, orienta-se toda a vida, sem reservas. Assim, a existência do homem é a resposta viva e o testemunho autêntico daquilo que o Senhor faz no mundo dos homens.
“Dar graças” significa começar a se tornar eucaristia em um mundo no qual o bem tarda a chegar e a se manifestar. Mas, para que essa passagem qualitativa aconteça é preciso viver da eucaristia. Então, o homem de fé encontra o seu alimento e o seu sustento na celebração eucarística, que não é simples participação em algo que foi transmitido e recebido de maneira fria e fora da realidade, mas é convicção que sem a eucaristia não é possível crescer, amadurecer e viver a fé.
Para o cristão, a eucaristia deve ser, como a Igreja ensina, o ponto nevrálgico ao redor do qual gira a vida, a base sobre a qual construir a vida, bem consciente que, sem a eucaristia, não se edifica nem a Igreja nem a própria história. Nenhum futuro é possível sem Jesus Cristo.
Então, enquanto se vive a eucaristia experimenta-se como, no sacrifício eucarístico, Deus não se arrepende de amar a humanidade, e, no oferecimento do Filho, temos a certeza de que Alguém nos procura de maneira apaixonada. A eucaristia se torna o encontro que acalenta os corações, rompe as geleiras do pecado e oxigena os tecidos do corpo inteiro.
A “ação de graças” não é outra coisa que não um reconhecimento de como a vida diária é um dom gratuito do amor de Deus a quem precisamos abrir a vida, neste modo o abismo do coração aspira pelo abismo de Deus.
Foi esta, certamente, a experiência que o evangelista Lucas hoje nos apresenta como ícone a ser imitado.
Pe. Pedro Pereira Borges/ Pró-Reitor de Pastoral da UCDB
Foto: http://www.wga.hu/art/p/palma/giovane/2/02thepoo.jpg
Evento é voltado para estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas