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O evangelho deste domingo é tirado de Mateus 6,24-34. O foco das palavras de Jesus, que ainda está falando sobre o monte, são as escolhas que nós fazemos na vida. Na nossa vida, nós podemos realizar grandes obras, mas sem Deus tudo se torna sem sentido. Não adianta nos tornar o homem mais rico do mundo se nos falta a felicidade. Por isso, Jesus diz: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”.
Na história da Igreja, há muitas histórias sobre a pobreza. Uma delas é a própria vida de São Francisco de Assis. Na época de Dom Bosco, São José de Cotolengo, etc.
Sobre São Francisco foram feitos vários filmes. O cinema apresentou esse homem e sua história de muitos modos, procurando espelhar-se também no clima cultural da época na qual o filme foi feito.
Um desses filmes, Irmão Sol, Irmã Lua, foi dirigido por Franco Zeffirelli, em 1972. O filme surgiu como uma resposta à grande crise que aconteceu na Europa a partir do ano de 1968. Após os protestos de Paris, que se espalharam pelo mundo, a Europa passou por uma crise de valores e as instituições, de consequência, passaram a ser contestadas. A Igreja, diante do caos instaurado, também procurou dar respostas aos questionamentos da juventude.
Zeffirelli encontrou em São Francisco a resposta que deve ser dada para a juventude. Francisco de Assis é, então, apresentado como um jovem contestador das estruturas, ao mesmo tempo em que vive os seus dramas pessoais. No meio dos dramas vividos, do amor por Clara, esse jovem passa, então, por um processo de conversão e escolhe a pobreza como modo de vida. O filme termina com Francisco em Roma, diante do Papa Inocêncio III, apresentando a Regra de Vida dos Franciscanos, para ser aprovada pela Igreja.
Essa cena final é muito importante, porque Francisco vai a Roma à frente de um pequeno grupo dos primeiros frades. Comparando com a situação da juventude na década de 1970, os jovens podem ver em Francisco um jovem que percorre todos os ambientes da sociedade, inclusive os da Igreja. Em Roma, Francisco se apresenta pobre e descalço diante de uma Igreja cheia de nobres, padres, bispos e cardeais que se vestem com roupas riquíssimas. Francisco e seus frades encontram um Papa sentado num lugar alto, destacado de todos, tendo às costas um majestoso mosaico de Cristo que o abençoa.
Após prostrar-se diante da rica assembleia, Francisco começa a ler o texto das Regras, em latim. De repente sua voz fica fraca. Por fim, levanta a cabeça, abandona o latim e, com um sorriso luminoso e encantador, começa a recitar as palavras do texto do evangelho de hoje, texto que fala do total abandono à confiança em Deus e à recusa de se tornar escravo da riqueza.
O Papa, visivelmente tocado pelas palavras de Francisco, desce os intermináveis degraus do trono que o separa do jovem de Assis e, para espanto de todos, chega a beijar os pés sujos do Santo. Depois, enquanto Francisco e os amigos saem da Igreja, felizes e com o texto aprovado pelo Papa, o Papa, que havia por um momento saboreado a liberdade de espírito de Francisco, volta a ser consumido pelas insígnias do poder e da riqueza.
A cena é tocante, e marca um momento da história, também da história da Igreja, que, depois de 1968 até os dias de hoje, é contestada pelas riquezas e pelo poder que tem, inclusive em contradição com os valores do Evangelho.
Porém, a contestação do evangelho de hoje não é somente para a Igreja. É para cada um dos cristãos. Muitos de nós podem não ter um palácio para viver ou uma gorda conta no banco que lhes dá segurança, mas nem por isso podem dizer que são pobres. Temos muita coisa entulhada em casa, coisas que são supérfluas. Este é um problema que diz respeito ao jovem que tem uma parafernália eletrônica no quarto, na qual ninguém pode encostar o dedo; é um problema que diz respeito aos casais, quando até a esposa ou o esposo se tornam uma propriedade, mais do que um companheiro que Deus colocou ao seu lado para viver a vida em busca da felicidade; é um problema das empresas que constroem seus lucros sem se preocupar com o meio ambiente; é um problema da nação, que privilegia um modelo de crescimento voltado para a criação de fundo de reservas internacionais enquanto não oferece serviços básicos de saúde e educação para a população.
Porém, atenção! Jesus não nos quer pobres e deserdados, mas nos quer livres e serenos, com a única preocupação verdadeira que é viver o Evangelho, amando a Deus e ao próximo. As palavras de Jesus me levam a refletir sobre mim mesmo e a me perguntar sobre quando é que realmente “eu” vivo livre das preocupações e dos interesses inúteis. Pode acontecer que eu me interesse pelas coisas materiais ao mesmo tempo em que me desinteresso e não me preocupo com o irmão que está ao meu lado, com pessoas que Deus me confiou. Fico preocupado se tenho dinheiro suficiente no bolso, mas pouco me importa se minhas mãos estão ou não cheias de solidariedade e de paz. Penso muito sobre o dia de amanhã e, assim, não vivo hoje o amor. Aliás, não me preocupo se agora mesmo estou sendo menos amoroso com quem vive comigo em casa.
Zeffirelli procurou dar uma resposta aos jovens da década de 1970. Hoje, quando o Brasil é capaz de produzir mais de 300 bilhões em reservas internacionais, é um dos países que mais crescem economicamente no mundo, este evangelho é provocador. A história está cheia de guerras e violências geradas pela ânsia de possuir.
Ninguém quer a miséria ou a pobreza. Porém, Jesus nos ensina que a pobreza, quando escolhida e cultivada, é um indicativo importante de liberdade que gera paz e possibilidade de encontro com Deus e com o próximo. A riqueza, se não for bem vivida, empobrece a pessoa. A pobreza, ao contrário, pode ser o caminho para nos tornar mais ricos de Deus e mais ricos de humanidade.
Atividade conta com alunos do 3º semestre de Publicidade e Propaganda
Prazo vai até 12 de agosto e deve ser feito pela internet