Artigo: Convertamo-nos à esperança

04/12/2011 - 0:00 - UCDB

Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges

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Hoje, celebramos o segundo domingo do advento. O evangelho sobre o qual meditamos é tirado de Marcos 1,1-8.

Este evangelho nos faz lembrar as grandes construções que o homem tem feito em diversas partes do mundo. Por exemplo, em 2011 os chineses inauguraram a maior ponte do mundo, com 42 km de extensão. Para se ter uma ideia, a ponte de Qingdao é três vezes e meia maior que a nossa Ponte Rio-Niterói.

A construção dessa ponte se tornou possível porque algumas pessoas colocaram em ação a capacidade de elaborar o projeto e escolher os melhores materiais.

Desde os tempos antigos, o homem tem investido sua capacidade intelectual e também em recursos materiais para construir obras como a ponte de Qingdao.

O evangelho de hoje diz: “Preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas estradas”. Com essas palavras antigas, do profeta Isaías, João Batista assume a sua vocação e sua missão e procura envolver a todos os que o procuram no projeto de preparar o mundo para a chegada de Jesus.

João Batista convida a todos a assumir a missão grande de se tornarem caminhos para o Senhor, realizando um trabalho profundo em si mesmos. Esse trabalho começa com a conversão.

Imagino os engenheiros que se propuseram a construir a ponte de Qingdao, imagino o dia em que tomaram a decisão de construí-la, vejo-os cheios de dúvidas, mas também cheios de entusiasmo diante do desafio que terão pela frente.

Acredito que uma obra desse porte requer não somente enorme capacidade de projetar e grande inversão de recursos econômicos, mas também uma grande dose de coragem e de esperança dos engenheiros que se sentem capazes de construí-la.

Requer capacidade de ver antecipadamente a obra pronta, mesmo que tenham apenas colocado o alicerce e tudo parece difícil e impossível. Isso significa acreditar em si mesmos e nas próprias capacidades. Caso contrário, não se envolveriam no projeto.

João Batista convida a todos os que o procuram no deserto a acreditar que é possível preparar as estradas para o Senhor. O maior obstáculo que possamos encontrar pela frente somos nós mesmos, com os nossos pecados.

A pregação de João se baseia numa grande esperança e num espetacular senso de otimismo em relação a si mesmo e também em relação àqueles que vão até ele para receber o batismo de conversão.

João Batista tem consciência da própria pequenez. Ele mesmo diz: “Não sou digno de me abaixar para desamarrar suas sandálias”. Ele diz isso porque está diante da grandeza daquele que anuncia, mas isso não tira o seu desejo e a determinação de ser anunciador e de preparar para a sua vinda.

Quantas vezes sentimos falta de confiança em nós mesmos, não confiamos nas nossas possibilidades espirituais e humanas. Pensamos talvez que não temos a capacidade de acolher Deus e de ser anunciadores. Pensamos que somente alguns santos têm essa habilidade e essa capacidade.

João diz que podemos preparar o caminho para o Senhor. O seu clamor, de fato, não para nos seus contemporâneos, mas, através do evangelho lido hoje, também tem que fazer eco em nós. Se diz disso com determinação é porque acredita que nós também somos capazes.

A primeira conversão que nós devemos realizar é justamente a da esperança. Converter-se à esperança é acreditar que, apesar da pequenez e dos erros que temos, somos ainda capazes de Deus, capazes de conhecê-lo, de encontrá-lo e de nos tornar seus anunciadores.

Converter-se à esperança é também superar o clima de pessimismo diante da crise econômica, da corrupção política existente em nosso país e que corre o risco de contaminar não somente o nosso bolso, mas também o nosso ânimo.

Converter-se à esperança é acreditar que o projeto do evangelho, às vezes inacreditável e impossível, na realidade pode ser colocado em prática.

É preciso uma vida inteira para realizar isso. Aliás, é preciso toda a vida da humanidade, mas é possível!

Talvez a ponte de Qingdao seja superada no futuro por qualquer outra obra ainda maior da engenharia humana. Mas isso será possível se o homem continuar a acreditar em si mesmo e na sua capacidade de projetar e técnicas.

O mesmo vale para a vida do Espírito e pela fé.

(Fonte: Qumran)