Artigo: Coragem ou medo: nós temos os talentos em nós

13/11/2011 - 0:00 - UCDB

Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges

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O XXXIII Domingo do tempo comum brinda os católicos com o evangelho de Mateus 25,14-30.

Todos nós conhecemos a palavra talento. Ela está especialmente ligada ao campo do espetáculo. No Brasil, a Rede Globo manteve, entre 1996 e 1998, teve um programa infantil cujo nome era Caça Talentos e que tinha por objetivo encontrar, entre as crianças, aqueles que tinham talento para atuar nos programas televisivos.

Quem não ficou encantado com a desempregada escocesa de 47, em 2009, Susan Boyle, quando compareceu ao Britain`s Got Talent, e maravilhou a plateia e os jurados com a famosa música I Dreamed?

Os programas de televisão, no entanto, têm por finalidade gerar o espetáculo e colocar os artistas no centro da atenção. É assim que acontece com realities shows como o Big Brother ou A Fazenda.

Infelizmente, o espetáculo produz o efeito da luz, mas o show se torna mais importante do que o próprio talento. Nós podemos perceber que a pessoa, mesmo não sabendo fazer nada, adquire a consciência de que foram vistas e a partir daí têm a possibilidade de se tornar famosas e podem conseguir tudo a partir do momento em que o facho de luz caiu sobre ela.

Às vezes a gente se pergunta: mas que talento tem uma pessoa que a televisão produziu? Não é preciso responder, porque cada um de nós sabe até onde uma pessoa é talentosa ou não. O resultado é que elas passam a fazer parte da fofoca dos diversos tipos de meio de comunicação existentes.

Na Bíblia, o talento é uma moeda, uma moeda evangélica, do tempo de Jesus. Jesus nos fala de um senhor que chama os seus servos. Diz para eles que vai fazer uma viagem longa. Confia-lhes todo o seu dinheiro, ou seja, os seus talentos. Pede-lhes que façam todo o possível para fazer o seu dinheiro render.

Talento aqui é algo que não nos pertence. É o dinheiro do patrão. Eles nos são confiados. Devemos usá-los para fazer com que rendam. Mas, se tivermos medo do dono do dinheiro e o escondermos, então não merecemos nada, nós enterramos os talentos recebidos e não conseguimos fazê-los frutificar.

Talento é, portanto, o dom que Deus me deu, deu a você e a todos. Todos recebem talentos. Alguns mais, outros menos. Mas, na parábola de Jesus o que importa não é a quantidade, mas o que fazemos com eles. Isso acontece porque o patrão pode voltar na hora em que menos esperarmos para pedir contas do que nós fizemos com os seus talentos. Porque os talentos são dele, são dados como presente, como dons. Não podemos administrá-los só por nós mesmos.

Caros irmãos e irmãs, em especial os jovens, se nós tomássemos um pouco mais de consciência daquilo que somos, de onde viemos e para onde vamos, viveríamos de maneira diferente.

Nós somos filhos, viemos de outros e não estamos aqui na terra por nós mesmos. Fomos chamados a ter atitudes que beneficiem o mundo e não somente a nós.

Sim, porque é preciso de fato tomar tudo o que nos foi dado (os talentos que o Senhor coloca em nossas mãos) e a coloca-los à disposição dos outros a fim de que sejam multiplicados.

O talento não é, neste caso, algo material, mas imaterial, mais importante do que aquela moeda que o senhor deu aos seus servos. Nessa moeda está, por exemplo, a fé: o que faço com minha fé? Faço com que frutifique? Eu faço algum investimento nela?

Se essa moeda é a vida cristã, o que faço com essa fé? Se essa moeda me ajudar a descobrir onde está o verdadeiro bem, eu me torno portador do talento aos outros?

O é preciso para investir o talento que recebemos? Precisamos ter coragem!

Coragem é não ter medo da mudança; coragem é não ter medo daquilo que pensará a massa em relação ao nosso ser cristãos; coragem é rejeitar a moral da imoralidade difundida no mundo, da libertinagem, da sexualidade vazia e improdutiva que tem por fim a si mesma; coragem para escolher o que fazer com o talento. Se o guardo sob um tijolo, lá ele fica. O talento não foge, não escapa, mas fica lá e não serve para ninguém.

Quiçá quantos talentos você não tem. Onde os escondeu? Faça-os frutificar. Não tenha medo!

Fonte: Qumran