08/11/2009 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges
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Neste ano, nós vimos estudando aos domingos o evangelho de Marcos. Dentre as principais características deste evangelho está a apresentação da filiação divina de Jesus, isto é, sua divindade (1,1), sua messianidade (14,61-62) e sua ressurreição (16,9).
Nós acompanhamos Jesus em sua caminhada rumo à cidade de Jerusalém. No evangelho deste 32º domingo do tempo comum, de Marcos 12,38-44, Jesus já se encontra nessa cidade e, como bom judeu, vai ao Templo. No Templo acontecem duas cenas especiais. A primeira é a pompa dos doutores da Lei. Eles estão vestidos com roupas vistosas, apreciam serem cumprimentados nas praças públicas, procuram os primeiros lugares nas celebrações e os melhores lugares nos banquetes. Jesus adverte os discípulos, para que tomem cuidado com o fermento que eles usam. As piores atitudes dos fariseus é que, como intérpretes da Lei, quando uma viúva lhes pede para resolver uma causa, eles a dilapidam, acabam com suas economias. Depois, para disfarçar, fazem longas orações. Jesus sentencia: “por isso, eles receberão a pior condenação”.
A segunda parte do evangelho de hoje também se dá no Templo. Jesus se posiciona perto da caixa de ofertas. Muitos, ao passarem por ali, depositam as suas ofertas de maneira espalhafatosa. De repente, uma viúva se aproxima e coloca apenas duas moedas, de pouco valor. Jesus falou para os seus discípulos: “Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”.
Reflitamos por partes esse evangelho. Jesus condena os mestres da Lei. Os doutores ou escribas eram os que ensinavam ao povo a Lei de Deus. Mas o que eles ensinavam com palavras não correspondia ao seu testemunho de vida. Sentiam-se e queriam ser tratados como pessoas importantes, usando a ciência do Senhor como meio de enriquecimento pessoal e não como serviço.
Nesta passagem Jesus critica os doutores da lei do seu tempo por encarar a religião como uma forma de poder e não como serviço. Mas hoje podem existir escândalos como o dos mestres da Lei. Muitos homens e mulheres de fé, em vez de testemunhar o amor de Deus que liberta, fazem da religião um meio para a ascensão social. Isso acontece quando os cristãos se debruçam mais sobre o próprio umbigo do que no serviço ao próximo, na força da inclusão de todos, no anúncio incansável do Reino de Deus entre nós. Precisamos encontrar uma maneira de transformar o outro no nosso próximo.
A sentença de Jesus contra os mestres da Lei parece forte, mas ela tem uma motivação também muito forte. A denúncia contra os fariseus refere-se ao costume que muitos escribas tinham de, na qualidade de teólogos do tempo, poderem desenvolver funções de administradores dos bens das viúvas. Era uma tarefa que lhes permitia receber como honorário uma percentagem dos seus bens, bens dos falecidos maridos. Além de ostentarem uma religiosidade sem fundamento os escribas gostavam de entrar nas casas das viúvas e recitar longas rezas a troco de dinheiro, aproveitando-se da sua hospitalidade. Aproveitavam-se da fragilidade em que as pessoas se encontravam e ainda lhes devoravam o que tinham. Que expressão forte é usada por Jesus! E termina dizendo: esta gente receberá uma sentença severa!
Na outra parte do evangelho, encontramos a pobre viúva louvada por Jesus. Através do exemplo dessa mulher pobre, viúva, Jesus nos ensina qual é o verdadeiro culto que Deus quer dos seus filhos: que eles sejam capazes de Lhe oferecer tudo, numa completa doação, numa pobreza humilde e generosa (que é sempre fecunda), num despojamento de si que brota de um amor sem limites e sem condições. Só os pobres, isto é, aqueles que não têm o coração cheio de si próprio, são capazes de oferecer a Deus o culto verdadeiro que Ele espera.
Essa viúva não ocupa, nem tem essa pretensão, lugares vistosos e importantes, nem recebe saudações nas praças, nem é estimada seja por quem for. Vive sozinha, faz do silêncio o chão que pisa e a sua pobreza não a torna uma pessoa atraente. Jesus descobriu na quantia que a viúva deposita, um valor humanamente insignificante, mas que se tornou um verdadeiro tesouro. Nela Jesus viu a alma do cristão, que apesar da sua indigência é capaz de dar a Cristo e aos outros tudo o que tem para poder viver.
Se os homens olham às aparências, Deus chega aos corações. Perante Deus, as coisas não valem pelo seu valor material, mas pelo amor com que as fazemos, e esta mulher pôs na sua dádiva todo o seu amor.
Jesus ensina-nos, neste episódio, a não julgarmos as pessoas pelas aparências. Muitas vezes é precisamente aquilo que consideramos insignificante, desprezível, pouco edificante, que é verdadeiramente importante e significativo. Muitas vezes Deus chega até nós na humildade, na simplicidade, na fragilidade, nos gestos silenciosos e simples de alguém em quem nem reparamos. Temos de aprender a ir ao fundo das coisas e a olhar para o mundo, para as situações, para a história e, sobretudo, para os homens e mulheres que caminham ao nosso lado, com o olhar de Deus. É precisamente isso que Jesus faz.
Que neste domingo nós aprendamos a depositar no coração de Deus os tesouros do nosso coração, a fim de que Ele nos revele os seus desejos e nos faça converter ao seu projeto de amor pela humanidade.
Pe. Pedro Pereira Borges
Pró-Reitoria de Pastoral UCDB
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