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Nós chegamos ao XXX Domingo do tempo comum. A Igreja propõe para a nossa meditação o evangelho de Mateus 22,34-40.
O evangelho gira em torno da pergunta: qual é o maior dos mandamentos? E Jesus nos dá a resposta: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Ele conclui que todo o ensinamento do Antigo Testamento e dos profetas se resume nisso e esse mandamento está no centro de sua pregação.
Reflitamos um pouco. Na quinta-feira passada, o mundo foi surpreendido pela morte de Muammar Khaddafi, o ex-ditador que governou a Líbia por 42 anos, com mão de ferro.
Nas imagens dos cinegrafistas e dos celulares que mostraram o momento da captura de Khaddafi e seu filho, os rebeldes gritavam: “Allah Akbar! Allah Akbar!”, um grito que parecia resumir tudo o que aconteceu naquele momento de caos.
“Deus é o maior!”. Esta é a tradução da invocação repetida pelos rebeldes e que é muito usada na tradição islâmica. É uma invocação que também vem sendo repetida nos atentados terroristas em diversas partes do Iraque, Afeganistão, Somália e Israel.
Contudo, mesmo sendo uma invocação que também é usada nos momentos de oração e de paz de tantos muçulmanos pelo mundo, é arrepiante e estarrecedor ouvi-la quando está associada a momentos de extrema violência.
É verdadeiramente este o modo com o qual se louva e honra a Deus? Não vou afirmar um tal discursos pensando que ele diga respeito somente aos muçulmanos, pois entre os cristãos também há gente que faça o mesmo, basta ver o que aconteceu até pouco tempo atrás na Irlanda do Norte, quando católicos e anglicanos se matavam em nome de Deus. Seja na Irlanda do Norte ou na Líbia, quando essas palavras são pronunciadas em momentos violentos não podem nos deixar tranquilos.
À pergunta sobre qual é o maior dos mandamentos da Lei, Jesus resume todo o ensinamento de Moisés e dos profetas assim: amar a Deus e ao próximo. Estão aí as duas dimensões do amor que não podem andar em separado uma da outra, como as rodas de um carro ou os trilhos de uma estrada de ferro.
Para Jesus não posso amar a Deus se me esqueço do próximo e não posso amar o próximo como se Deus não existisse. Mais adiante Ele dirá: “Todas as vezes que tiverdes feito isso ao menor dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40).
Hoje, falar de amor virou uma coisa banal. Nós entendemos o amor como uma simples união sexual. Se nós perguntarmos qual é o maior dos mandamentos para uma criança ou um jovem da nossa catequese logo eles dirão o que Jesus respondeu a alguns dos fariseus e dos saduceus que queriam lhe armar uma cilada.
Fica a pergunta: é mesmo difícil pensar que no fundo a coisa que mais importa na nossa vida religiosa seja amar a Deus e ao próximo? E amar a Deus não é nada difícil. Basta abrir o Evangelho para ver o caminho que nos foi deixado por Jesus, caminho este que passa pela atenção para com o próximo, pela não violência, pela capacidade de criar laços de amizades com todos, inclusive com quem não pertence à nossa esfera de amigos. Para amar a Deus basta que nós coloquemos em ação todas as estratégias do amor humano.
Por este motivo, ouço aqueles gritos sobre Deus durante a morte de Khaddafi como uma espécie de blasfêmia diante de Deus. Digo a Deus: “Você é o maior!”, mas a violência dos gestos desmente minhas palavras.
Khaddafi foi um ditador sanguinário e violento com o seu próprio povo e é até compreensível que a violência por ele cometida seja retribuída com muito mais rigor em momentos tão convulsivos e confusos como os que levaram à sua morte.
Mas desejo sinceramente que ninguém de nós pense a partir de hoje que o caminho para amar a Deus e para louvá-lo passe pela violência e por uma espécie de vitória que aniquile o adversário.
O caminho para amar a Deus é o do amor e o da pequenez. Jesus deu glórias a Deus na hora em que se ajoelhou e lavou os pés dos seus discípulos (Jo 13). Jesus deu glórias a Deus aceitando a morte por amor. A sua não morte e não a dos outros.
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