16/10/2011 - 1:00 - UCDB
Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges
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O que aconteceria se você encontrasse uma mala cheia de dinheiro? Geralmente pensamos que achado não é roubado, mas a lei diz que pode ser apropriação indevida de algo que não nos pertence e até podemos ser julgados por isso.
Em 2004, Danny Boyle dirigiu um filme, cujo título foi traduzido para o português como Caiu do céu. O roteiro do filme é simples: dois irmãos, Damian e Anthony, de sete e nove anos, respectivamente, de repente acham uma sacola cheia de libras esterlinas. A sacola veio como presente de Deus, porque caiu de um trem.
No entanto, eles têm que gastar logo o dinheiro porque a moeda das ilhas britânicas irá mudar na semana seguinte.
Os dois irmãos imaginam um plano para gastar o dinheiro. Mas entram em crise quando descobrem que o dinheiro que caiu de um trem foi fruto de um roubo.
A crise aumenta quando o pai deles e sua namorada descobrem que eles estão com o dinheiro. Os meninos que tinham planos para ajudar os pobres ou para dar um jeito de ficar com o dinheiro todo para si, então sentem que seu pai e sua namorada são mais mercenários do que imaginam. Eles passam, então, a enfrentar sérios problemas éticos, quando pensavam gastar o dinheiro como se o amanhã nunca existisse.
O filme, em si, tem como finalidade mostrar o quanto o dinheiro condiciona as pessoas e que não é fácil para a criança ou para o adulto manter o equilíbrio quando se tem muito.
Este filme nos ajuda a entender o evangelho do XXIX domingo do tempo comum, de Mateus 22,15-21. Neste evangelho, Jesus faz uma provocação aos seus ouvintes e a nós.
Os inimigos de Jesus querem preparar-lhe uma armadilha quando mandam perguntar-lhe se deve pagar ou não impostos para os romanos, que invadiram o seu território.
Pagar impostos significa aceitar a ocupação e isso tem também implicações religiosas. Não pagar significa se posicionar como alguém que quer provocar politicamente.
Aparentemente, os inimigos de Jesus querem deixá-lo acuado. Na verdade, eles pensam que o problema da fé possa ser resolvido com dinheiro.
Jesus não se dá por vencido. Manda dizer aos seus inimigos que deem a César o que pertence a César, mas também que sejam capazes de dar a Deus aquilo que é de Deus. Com isso, Jesus está questionando a todos: de quem nós somos? O nosso rosto se parece com o que está impresso na moeda ou se parece com o rosto que Deus imprimiu em nós, quando nos criou?
Vistas assim, as palavras de Jesus trazem também um outro questionamento: é o dinheiro ou a Palavra de Deus que dá sentido à nossa vida? E mais: com que nós mais nos preocupamos: com o dinheiro que temos no bolso ou com a reserva de bem que deve existir no nosso coração?
Jesus não veio para dizer se é lícito ou não pagar impostos para este ou para aquele governo. Ele veio para lembrar ao ser humano de sua época e também de hoje a quem se deve dar tudo e em quem cada pessoa deve basear as próprias escolhas: Deus Pai.
É justamente por isso que o papel de Damien no filme Caiu do céu é interessante. Ele pensa em dar tudo aos pobres. Se olharmos pelos nossos critérios, podemos dizer que se trata de um menino ingênuo e sonhador, pois segue, segundo o filme, os ensinamentos dos santos que havia lido num livro velho que carrega sempre consigo e falam com ele não como personagens embalsamados e distantes, mas como pessoas vivas e significativas para ele. Para Damien, no fundo, o dinheiro é apenas coisa. Ele acredita que mais do que o dinheiro o que importa é a família e como os seus membros se relacionam.
Não interessa para ele ter na nova casa para a qual se mudou após a morte da mãe um quarto só para si. Ele quer mesmo é sentir o conforto do irmão e a proximidade do seu pai.
Nós fomos criados à imagem de Deus. O evangelho de hoje é um convite a descobrirmos com quem nós somos parecidos: com as notas dinheiro ou com a imagem de Deus que nos criou.
Não podemos viver a vida de maneira despreocupada, como se o amanhã não existisse, mas devemos descobrir o verdadeiro caminho que leva à felicidade. Esse caminho já foi traçado no evangelho. Ao chegar lá, veremos que a moeda que nos leva ao dia de amanhã tem estampado o rosto de Deus que já conhecemos porque Ele est;a em nós.
Alguns dos fariseus acreditavam que viviam de acordo com a sua religião e eram fiéis aos ensinamentos da Escritura. No entanto, precisavam ser mais expertos no conhecimento de Deus e no conhecimento do homem. Foi por não ter esse conhecimento que eles acabaram por ficar ligados à moeda de César e se deviam ou não pagar impostos e se esqueceram do essencial.
Jesus, ao contrário, se preocupa com as relações, com a proximidade, com a capacidade de se produzir solidariedade. Ele nos lembra que o dinheiro é coisa, enquanto que Deus é o nosso tudo, aquele que está próximo de nós quando precisamos dele.
Formação ocorreu durante dois anos
Evento é voltado para estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas