Artigo: Falando sobre a vida eterna

27/03/2011 - 0:00 - UCDB

Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges

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À samaritana, e a todos aqueles que de alguma maneira se reconhecem na mesma situação, Jesus, no evangelho deste domingo, tirado de João 4,5-42, faz uma proposta radical: buscar uma outra “água”, dar um sentido e um horizonte novo à própria vida. Um horizonte eterno!

“A água que eu lhe der se tornará uma fonte de água que jorra para a vida eterna”. Eternidade é uma palavra que caiu em desuso. Tornou-se uma espécie de tabu para o homem moderno. Acredita-se que este pensamento possa desviar do esforço histórico concreto para mudar o mundo, que seja uma fuga, um desvio para o céu dos tesouros destinados à terra, como dizia Hegel.

Mas qual foi o resultado disso? A vida, a dor humana, tudo se tornou imensamente mais absurdo. Perdeu-se o sentido da medida. Se faltar o contrapeso da eternidade, todo sofrimento, qualquer sacrifício, se torna absurdo, desproporcional, provoca desequilíbrio, nos faz cair por terra. São Paulo escreveu: “a insignificância de uma tribulação momentânea acarreta para nós um volume incomensurável e eterno de glória. Isto acontece, porque miramos às coisas invisíveis e não às visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno” (II Cor 4,17-18).

O filósofo Miguel de Unamuno (1864-1936) respondia com estas palavras a um amigo que o ridicularizava sua busca da eternidade como se esta fosse fruto de orgulho e presunção: “Não digo que mereçamos um além, nem que a lógica o demonstre, digo que temos necessidade dele, quer mereçamos ou não, e basta. Digo que aquilo que passa não me satisfaz, que tenho sede de eternidade e que, sem esta, tudo se torna indiferente para mim. Sem ela não existe mais alegria de viver... É muito fácil afirmar: ‘é preciso viver, é preciso ficar satisfeito apenas com esta vida’. E aqueles que não se satisfazem?”. Não é quem deseja a eternidade que mostra que não ama a vida, mas quem não a deseja, a partir do momento em que fica resignado tão facilmente com a certeza de que ela acabará.

Seria um grande ganho, não somente para a Igreja, mas também para a sociedade, redescobrir o sentido da eternidade. Ajudaria a reencontrar o equilíbrio, a relativizar as coisas, e a não cair no desespero diante das injustiças e da dor que existem no mundo, mesmo lutando contra isso. A viver menos freneticamente.

Na vida de cada pessoa existiu um momento em que teve alguma intuição, um faro, ainda que confuso, acerca da eternidade. É preciso estar atentos para não buscar a experiência do infinito na droga, no sexo desenfreado e em outras coisas nas quais, no fim, há somente desilusão e morte. “Quem beber da água que eu lhe darei,

esse nunca mais terá sede”, disse Jesus à samaritana. É preciso buscar o infinito no alto, e não em baixo; para além da razão, e não de baixo dela, nos encantamentos irracionais.

É claro que não basta saber que existe a eternidade, é preciso também saber como se faz para alcançá-la. Perguntar-se, como faz o jovem rico do evangelho: “Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?”. Giacomo Leopardi (1798-1837), poeta italiano, na poesia O Infinito, fala de cerca viva, que é preciso “olhar todas as partes que o olhar não alcança depois do horizonte”. O que é, para nós, essa cerca viva: o obstáculo que impede de voltar o olhar para o horizonte último, o horizonte eterno?

A samaritana, naquele dia, entendeu que algo devia mudar na sua vida se quisesse alcançar a vida eterna. Nós a encontramos dali a pouco transformada em uma evangelizadora que relata a todos, sem vergonha, aquilo que Jesus lhe disse. E nós?

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