Artigo: Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus

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Eis-nos aqui, no início de agosto, com a umidade do ar nos seus níveis mais baixos, entre o calor e algumas frentes frias, e com as aulas já em pleno andamento. Eis-nos aqui, depois do domingo do Bom Samaritano e da necessidade da oração – entre as preocupações de Marta e a escuta de Maria – a nos sentir interpelados sobre o dinheiro e a herança.

Em um tempo de retração econômica nos Estados Unidos, de reavaliação do crescimento chinês, conhecedor que édo nosso coração, que levante a mão quem nunca discutiu com alguém sobre problemas de dinheiro. Alguns tiveram até a sorte, depois de um momento triste de luto, de receber uma grande herança. Infelizmente, não são raras as brigas ou os dissabores entre irmãos depois da morte dos pais por causa do que eles deixaram. Alguns parentes até dizem: “nós vivemos tão próximos que merecemos um pouco do que o seu pai deixou!”.

E eis que, como um vendaval inesperado neste período de seca, refletimos hoje o evangelho com a palavra forte de Jesus sobre o uso da riqueza.

O trecho de hoje está inserido no capítulo 12 de Lucas, no qual o evangelista apresenta uma série de ditos de Jesus, direcionados aos discípulos e à multidão. No primeiro versículo do capítulo se diz que “milhares de pessoas se ajuntaram, a ponto de uns pisarem os outros”. É uma imagem clara que exprime o grande número de seguidores que procurava se aproximar de Jesus. Mas Jesus, rodeado por tanta gente, volta-se para os discípulos, convidando-os a não se deixar corromper pelo fermento de alguns lideres judaicos, isto é, da hipocrisia, para confessar abertamente a fé em Deus.

O discurso sobre a riqueza, ao contrário, coloca a atenção sobre toda a multidão. É do meio da multidão que a voz de uma pessoa se levanta para pedir a Jesus que, como juiz, resolva a questão de uma herança com o seu irmão. Jesus se recusa a assumir essa tarefa: o dinheiro, de fato, para Ele, não traz a verdadeira riqueza, nãoéfonte de vida. A todos, Ele recomenda que é preciso se resguardar da ambição, porque a vida não depende dos bens materiais.

É nesta perspectiva que a parábola de hoje se apresenta, inspirada no mundo agrícola. O rico que deseja se enriquecer sempre mais e se ilude de garantir a própria vida com a simples posse dos bens. Ele não leva em consideração que a sua vida pode acabar de um momento para o outro.

Mas o sentido da palavra de Jesus, hoje, é também outro: se você possui bens materiais, não pense em acumular sempre mais, mas comece a partilhar sempre mais. O verdadeiro rico não é aquele “que tem”, mas aquele “que dá”.

Seguramente, a palavra de hoje lança luz sobre tantas situações atuais, em uma sociedade sempre mais baseada no dinheiro e na riqueza, que parecem abrir todas as portas. O ter sempre mais éuma das aspirações mais comuns do homem de todos os tempos e muito mais do homem de hoje. Porém, por graça de Deus, existiram na história –e ainda hoje – tantos santos que, longe da ambição, abandonaram-se à providencia divina sem medo de ficar desiludidos. Não é por acaso que o evangelho de Lucas continua com o discurso sobre a providência e sobre o tesouro e o coração. Quem escolhe Deus é o verdadeiro rico, porque não deixa que sua vida dependa daquilo que tem, mas daquilo que é, isto é, um filho de um Pai cheio de misericórdia.

A resposta positiva para a ânsia que suscita a Palavra de hoje, nos édada pelo apóstolo Paulo. Nós ressuscitamos com Cristo: eis o sentido esplêndido da nossa vida. Somos chamados, com Ele, a olhar para o alto, a elevarmos mais do que as nossas preocupações da terra, para descobrir o tesouro que nos espera nos céus. Acontece que precisamos deixar o homem velho para revestir-nos do homem novo, redescobrindo no nosso a batismo a fonte de nossa vida. Graças ao batismo, de fato estamos unidos a Cristo, e com Ele não existem mais divisões e Ele é tudo em todos. Renovando-nos à imagem de Deus, que nós possamos nos revestir hoje da verdadeira riqueza!