25/10/2009 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges
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Entramos neste 30º domingo do tempo comum na última etapa da peregrinação que Jesus e seus discípulos fazem rumo à cidade de Jerusalém. Durante essa caminhada, Jesus falou por três vezes que deveria sofrer a paixão na Cidade Santa (8,31; 9,31; 10,32-34). Marcos faz questão de deixar claro que os discípulos não estavam compreendendo o significado das palavras do Mestre.
No evangelho de hoje, de Marcos 10,46-52, encontra-se também o último episódio antes da entrada de Jesus em Jerusalém. Saindo de Jericó, que fica a uns 30 km da Cidade Santa, rodeado por seus discípulos e por uma grande multidão, a comitiva de Jesus passa por um cego que está sentado à beira do caminho.
Quando descobre que é Jesus quem está passando, o cego começa a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!”. Segundo Marcos, muitos o repreendiam. Ele não se calou e gritou mais forte, chamando por Jesus.
Jesus o ouviu e pediu para que fosse trazido à sua presença. Chamaram-no. Ele jogou o manto fora, deu um pulo e foi até Jesus que lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Mestre, que eu veja!” Jesus disse: “Vai, a tua fé te curou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho.
Mais do que um episódio de cura, este é um texto de catequese sobre o batismo. O batismo provoca um encontro profundo e real com Jesus, a ponto de a pessoa deixar para trás tudo o que parecia certo, para começar uma vida nova como discípulos que caminha com Jesus.
O cego já tinha ouvido falar de Jesus. Certamente, a sua comunidade já tinha uma caminhada de fé verdadeira. Ele, no entanto, ainda está agarrado às tradições de Israel. Para ele, Jesus é o Filho de Davi.
Para ir ao encontro de Jesus, Bartimeu ainda enfrenta alguns problemas. A sua cultura fala muito alto. Proíbe-o de gritar por Jesus, repreende-o, porque suas palavras soam como blasfêmia: “Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim”. Para a sua cultura, Jesus era apenas um homem como outro qualquer, dotado de poderes especiais, inclusive com capacidades curandeiras.
Ele mesmo só tem a coragem de se aproximar de Jesus no momento em que o Mestre o chama. Para isso, há pessoas que o ajudam, que lhe falam que Jesus quer saber o que ele quer. É nesse momento que ele dá o passo decisivo de abandonar a sua vida passada, os seus vícios, aqueles aspectos de sua cultura que o impedem de enxergar que Jesus não é apenas um homem dentro da cultura judaica, mas o Filho de Davi, o Filho de Deus.
Quando a pessoa dá esse passo, recebe como recompensa a cura. Jesus recompensa, então, a fé de Bartimeu, curando-lhe a cegueira espiritual, cultural, física e intelectual, a ponto de ele se tornar um seguidor e seguir com o Mestre na sua peregrinação rumo a Jerusalém. Se antes ele estava à beira do caminho, agora ele anda com todos. Se antes ele se sentia marginalizado, dependente, agora ele se sente acolhido pela comunidade.
Este evangelho é importante também para os batizados de hoje. Nós vivemos em uma época que aceita a fé, mas não a demonstra através da prática. A religião fica como um adendo da nossa história. Nas nossas relações familiares, damos lugar à cultura massificante que dá valor aos bens materiais e se esquece dos bens espirituais.
Os batizados têm a obrigação de buscar sempre Jesus. Não podem deixar que Ele passe sem sentir a sua presença. Precisamos dele para vencer a violência, a depressão, a perda de valores importantes como a família e o respeito pelo outro.
Jesus ainda passa por nós. Ele nos chama para perto de si para nos perguntar: “O que queres que eu te faça?”. Nós podemos responder como Bartimeu: “Senhor, que eu creia!”. E Ele nos ajudar a enxergar a luz da fé e da esperança.
Hoje, celebramos também o Dia Nacional da Juventude. No Brasil, há jovens que são como Bartimeu, vivendo à margem da história, sem perspectivas na vida; há também aqueles se deixaram levar pela moda, pelo conformismo, pelo consumismo; por outro lado, há também aquela porção da juventude que encontrou o rumo para a própria vida e assume a missão de transformar a nossa história.
Todos, como Bartimeu, podemos nos encontrar com Jesus e dizer a Ele aquilo de que nós estamos precisando. Jesus somente nos pede a fé para entrar em nossas vidas. Isso já nos basta para que sejamos curados dos nossos males e que tenhamos outras alternativas na vida.
Rezemos, hoje, por todos os batizados, para que Deus possa lhes abrir os olhos da nossa fé e que todos nós andemos sempre em sua presença, como discípulos do seu Filho, Jesus.
Pe. Pedro Pereira Borges
Pró-Reitoria de Pastoral UCDB
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Evento será realizado no auditório do bloco M
Evento será realizado em sala de aula no bloco A