12/12/2010 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges
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Há quem afirme que João e Jesus sequer se conheciam antes do Batismo do Senhor e que o próprio Batista duvidasse que Jesus fosse o Cristo. Uma e outra hipótese são questionáveis e apenas fruto de opinião, mas a pergunta que João dirige a Jesus, no evangelho de hoje, por meio de mensageiros, parece confirmá-la: “Sois vós aquele que deve vir, ou devemos esperar por outro?”.
Tem-se a impressão que para João não seja suficiente aquilo que ouviu falar de Jesus, enquanto estava na prisão, que não fique satisfeito apenas por saber sobre os atos prodigiosos e únicos que ouve sobre Jesus, mas que precisa aceitá-los somente depois que souber da resposta do próprio Jesus.
Segundo os estudiosos, João esperava por um Messias guerreiro ao redor do qual se reuniria um verdadeiro exército. Essa era a expectativa comum do seu tempo. Portanto, parece que ele fica hesitante em aceitar um Cristo humilde e pobre, mas talvez seu intento não seja aquele de diminuir, mas de fazer aumentar a certeza de que Jesus seja o verdadeiro Messias: com aquela pergunta, ele queria que Jesus desse, Ele mesmo, uma resposta decisiva e convincente que confirmasse as expectativas do povo: “sim, sou o Messias, não deveis esperar por outro”.
E, de fato, Jesus dá uma resposta como João esperava. Ele, sem fazer um levantamento acadêmico ou uma excursão sobre as Escrituras, como o fez com os discípulos de Emaús, convida os mensageiros de João a olhar ao redor, a observar, a medir e a ponderar a nova realidade que já não é como antes: “Ide e contai a João o que ouvistes e o que vistes: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres”.
De algum tempo para cá, estou convencido de que para se ter um juízo sobre uma pessoa que a gente não conhece é preciso conviver com ela. Se ficarmos apenas ouvindo o que os outros comentam sobre ela só ouviremos críticas e insinuações. No entanto, as opiniões dos outros nem sempre têm relevância objetiva e não é raro que não estejam fundadas sobre mal-entendidos ou preconceitos, ou hilações pouco de acordo com a verdadeira objetividade. Assim, é preciso avaliar em primeira pessoa o seu comportamento e as motivações de suas escolhas e do seu agir: se um professor é severo ou se um médico é competente, nós somente aceitamos isso depois de fazer uma experiência pessoal e avaliações objetivas sobre o que ele faz ou sobre o que ele pensa, porque, como dos frutos se conhece a árvore, assim é pelas obras que é possível ter um conceito sobre uma pessoa. A convivência com a pessoa faz com que o que as coisas negativas que os outros falam sobre ela nem sempre se confirmem.
Da mesma forma, Jesus se anuncia por Ele mesmo, deixando que os fatos falem dele, as obras de misericórdia e de justiça que revelam o amor do Pai e, por isso mesmo, a sua indiscutível identidade de Messias e Senhor: se os cegos recuperam a vista, os surdos ouvem e aos pobres é anunciada a Boa Notícia, isso quer dizer que na história aconteceu algo de extraordinário e sem paralelos e não é preciso esperar mais por algo parecido: o Reino de Deus já está presente nas palavras e nas obras de Jesus e o seu advento é mensageiro de uma esperança renovada que traz consigo a marca da alegria e da exultação, porque no mundo se realiza a libertação e a exaltação do ser humano.
Se no domingo passado era João Batista que dava testemunho de Jesus, agora acontece o contrário: Jesus anuncia o seu precursor exaltando nele o homem melhor em absoluto, ninguém melhor do que ele entre os nascidos de mulher, porque é Joao, com efeito, que na sua pregação predispõe os ânimos à novidade para qual a história se voltará, isto é, a realidade promissora e nova do Reino de Deus que vem para transformar todo o sistema a partir do homem redimido.
Diante de tal perspectiva, a palavra de ordem é alegria, exultação, porque as esperanças e as expectativas estão para se cumprir, tal como afirma o profeta Isaías, na primeira leitura, com palavras de encorajamento e de incitação à alegria e ao gáudio: “A estepe vai alegrar-se e florir. Como o lírio ela florirá, exultará de júbilo e gritará de alegria. [...] Coragem, não tenhais medo!”.
A iminência da vinda do Libertador é, de fato, motivo de alívio e de consolação não porque é penhor de uma alegria indefinida que se transmite nas palavras e nos atos de cada um, mas pelo que cada um deve continuar a lutar diante da violência e das pressões do mundo. O Reino de Deus é inovador porque age no interior da pessoa renovando-a e predispondo-a sempre para o melhor, abrindo novos e promissores horizontes precedidos pelo amor de Deus que tente a realizar as expectativas do homem.
Se a resposta mais eloquente de Jesus é dada pelas suas obras, a mais eloquente para nós é dada então pela alegria, que caracteriza também a proximidade litúrgica da festa que nos espera: também as orações que a liturgia nos propõe nestes últimos dias antes do Natal sublinham que a alegria está próxima de sua realização, mas já se enche de paz e de bem-estar quando nós nos revestimos com as roupas do Deus encarnado.
Imagem: http://pathwayofblessing.files.wordpress.com/2009/09/jesus-baptized-09.jpg
Evento será realizado em sala de aula no bloco A
Inscrições podem ser feitas na internet, basta acessar ucdb.br/possaude