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O 18º Domingo do Tempo Comum presenteia-nos com o evangelho de Mateus 14,13-21.
Mateus nos leva a um lugar retirado, no deserto. O deserto produz uma intensidade de sentimentos para qualquer leitor da Bíblia. Ele não é somente o lugar retirado. É também o lugar da peregrinação, da aridez, da falta de água, da falta de possibilidade de vida.
Para os amantes da aventura, os trilheiros, ou para quem quer experimentar algo diferente num período de férias, o deserto pode se tornar um convite a também experimentar o silêncio que recria a vida por dentro. A pessoa deixa as comodidades da vida urbana para se retirar.
Mateus nos leva ao deserto para falar da peregrinação que devemos fazer para nos encontrar com Jesus. Como Moisés guiou o povo que peregrinava pelo deserto, muito mais Jesus é o guia que caminha conosco rumo à terra prometida, rumo à possibilidade de viver a nossa vida na paz.
O evangelho diz que Jesus queria estar sozinho, com os seus discípulos. No entanto, a multidão não pensa assim. Está desejosa de ouvir a sua palavra de vida.
Jesus não manda os discípulos bater a porta na cara de ninguém. Não se deixa vencer nem mesmo pelo cansaço. Não economiza palavras e sentimentos para acolher aqueles que o procuram.
Jesus, neste domingo, nos apresenta um rosto de Deus imensamente generoso.
Nós podemos pensar na nossa vida e na nossa avareza. Como estamos longe de Jesus, como já nos acostumamos a jogar na defesa, a economizar o nosso amor, a nossa compaixão, o nosso perdão!
Sentado num campo com cinco mil, deixo-me comover e ainda sinto que dentro de mim existe um coração que bate. Sim. Acolho a Palavra de Jesus e a lógica do evangelho: não existe nada que me convença por dentro. Minha fé é superficial, nem sempre comprometida. Por isso, é claudicante.
No entanto, se me coloco entre os cinco mil que receberam o pão naquele dia, não consigo imaginar outra vida que não seja aprender a acreditar e a amar como Ele.
A vida não é um exercício de economia, não é medida pelos ganhos na bolsa de valores, não se baseia nos cálculos que faço de acordo com aquilo que me convém. Quem retém sai perdendo. Quem joga na defensiva não conhece a alegria. Quem diz que já tem o suficiente está mentindo ao próprio coração.
Não. Não se ama jamais o suficiente, não fazemos nunca o suficiente pelo outro, não temos compaixão na medida necessária. O evangelho é claro: Jesus se retira, mas, quando a multidão chega, fica comovido.
Quando a tarde chega, os problemas se apresentam de maneira concreta. O povo tem fome. Os discípulos são muito concretos, diríamos nós, não vivem entre as nuvens, mas nesta terra. Portanto, enfrentam a questão propondo a Jesus que despeça a multidão para que cada um vá resolver o seu problema e comprar alimento.
Cada um por si e Deus por todos. Aqui o evangelho parece claro. Parece que quem arruma seus problemas deve resolvê-los por si mesmo. Hoje, e em todos os tempos, debatemos sobre os problemas do nosso mundo: da fome, antes de tudo. Falamos daqueles que possuem tudo em abundância e daqueles que morrem por não ter o suficiente para viver. Falamos que o mundo do trabalho está cada vez mais especializado e cada vez mais os profissionais possuem dois empregos diferentes enquanto muitos não encontram um emprego sequer. Falamos de ecologia e de justiça, de paz e de solidariedade, de corrupção e de máfias.
Falar sobre isso parece coisa de derrotados. Se assim for, o evangelho se torna para nós um conto de carochinha. Mas, não. Ele nos apresenta dois caminhos para viver a vida e enfrentar os problemas que temos: O primeiro é o dos discípulos e o segunda é o de Jesus.
Jesus, diante do caminho proposto pelos discípulos, diz: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Em outras palavras, Jesus está dizendo aos discípulos para tirar do seu dicionário a palavra que diz que cada um é responsável pelo próprio problema, que cada pessoa deve comprar o pão para ceia, e pronto. Não, amigo. Você também é responsável pela ceia do seu próximo!
Quem reparte, multiplica. Quem dá, mata a fome. Quem coloca tudo nas mãos de Jesus e da lógica do evangelho constrói um reino de justiça e de paz.
Isso não parte do ser humano. Esta é a lógica de um idealista chamado Jesus, um sonhador solitário e contumaz.
Nós teríamos a mesma atitude dos discípulos diante de apenas cinco pães e dois peixes e de uma multidão. Nem mesmo o Mister “M” seria capaz de desvendar o mistério de Jesus. Aliás, Ele não faz mágica, não faz magia negra, não usa uma varinha para multiplicar o pão, mas faz milagres.
Será que entre cinco mil pessoas existiam somente cinco pães e dois peixes? A sua soma nos faz lembrar que na Bíblia o número sete é o número da plenitude. Então, aqueles cinco pães e dois peixes querem significar a vida inteira. Se você dá a sua vida, inclusive aquele pouco que é o seu tudo, tudo muda. Então, é possível matar a fome de cinco mil pessoas.
Entre as cinco mil pessoas, às vezes eu prefiro me esconder atrás de mil desculpas. O que eu posso fazer? A minha contribuição não seria talvez uma gota no oceano? O que posso fazer com apenas cinco pães e dois peixes? Não se pode mudar nada neste mundo. É inútil tentar.
Assim, paraliso a mim mesmo. Por sorte, a Palavra de Deus me tira dos meus egoísmos. Descubro que o meu caminho tem que ser o de Jesus.
Então, descubro que Jesus não multiplica os pães, não faz um milagre no pão, mas em mim. Descubro também que é a partilha que gera dons totalmente inesperados capazes de transformar meus gestos em atos milagrosos. É por isso que quando entrego tudo nas mãos de Deus começo também a construir o Reino dos céus aqui na terra.
Alguém, naquele tempo, deu tudo o que tinha. Ele tinha apenas cinco pães e dois peixes. As consequências desse gesto ficaram para sempre gravadas neste evangelho.
É por isso que Jesus é um sonhador concreto! Conhece o céu. Sabe também que é possível mudar a terra.
Teremos a coragem de entregar tudo em suas mãos?
Evento foi realizado de 15 a 20 de abril passando por Reggio Emília - Bassa Reggiana e Milão
Prova será on-line no dia 29 de junho