17/04/2011 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges
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O relato da paixão de Jesus, deste domingo de Ramos, tirado de Mateus 26,14-27,66, também neste ano nos ajuda a entrar na semana mais importante do ponto de vista da liturgia cristã, uma semana que, justamente por isso, é chamada “santa”.
Nós conhecemos suficientemente bem o relato das últimas horas de Jesus, da sua prisão, do processo, da condenação e da morte na cruz. Desde muito cedo, os cristãos quiseram que a memória desses fatos não se perdesse. Sem isso, todos os episódios envolvendo os últimos momentos de Jesus perderiam sua força e seu valor. Jesus mesmo, durante os três anos da sua missão, recorda com frequência aos discípulos que somente depois de sua morte e da ressurreição tudo se tornaria mais claro e definitivo.
É verdadeiramente significativo que, logo na introdução ao longo relato da paixão, a Igreja faça ler o trecho da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mt 21,1-11). É um episódio que logo terá um forte contraste com aquilo que depois vem lido no evangelho da paixão. Aqui, Jesus é levado triunfalmente como rei, e justamente como um rei é que é homenageado. Depois, o relato se precipita num drama profundo, intenso, aterrorizante.
É a pergunta que está quase no fim do breve relato do capítulo 21 de Mateus que me faz refletir. Num determinado momento, muitos se perguntam: “Quem é este?”.
Bela pergunta! Sim, quem é este Jesus?
Naquele tempo, a pergunta estava verdadeiramente em aberto. Muitos conheciam Jesus por terem ouvido falar – e nisso havia muita coisa positiva e também muita coisa negativa a respeito d’Ele – e muitos ainda tinham diante dos olhos os milagres que Ele realizava e os ensinamentos que transmitia. Acredito que essa pergunta acompanhava também os discípulos, seus amigos, que, no fundo, não haviam ainda entendido bem quem era o seu mestre, que se comportava como rei e Messias, mas que também encontrava forte rejeição e condenação.
Hoje, a partir de um ponto de vista teológico e catequético, essa pergunta tem a sua resposta. Se alguém dentre nós não se esqueceu de uma vez por todas aquilo que aprendeu no catecismo ou leu na Bíblia, sabe muito bem quem é Jesus: o Filho de Deus, aquele que morreu e ressuscitou, o juiz do fim dos tempos, etc. Temos milhares e milhares de páginas de catecismos e subsídios diversos que de mil maneiras nos falam sobre quem é Jesus.
O belíssimo trecho da carta aos Filipenses (2,6-11), que nos é proposto como segunda leitura, é uma das respostas mais bonitas à pergunta “quem é este?”: “Ele, existindo em forma divina, não considerou como presa a agarrar o ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano. E encontrado em aspecto humano, humilhou-se, fazendo-se obediente até à morte — e morte de cruz! Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome, para que, em o Nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua confesse: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai”.
Vale de fato a pena ler esse hino e diria também que deveríamos aprendê-lo de cor, como uma oração que deve ser vivida na mente e no coração.
Nós não estamos, portanto, na mesma condição dos habitantes de Jerusalém ou dos apóstolos, diante da pergunta “Quem é este?”, mas a pergunta tem outro sentido, mais pessoal e comunitário: “Quem é este para mim? Para nós?”.
É uma pergunta fundamental que deve ser feita antes de voltar a ler o relato da paixão. Se não tenho em mente essa pergunta, qualquer resposta voará sobre a minha cabeça, e a celebração da Páscoa se tornará apenas o cumprimento de um dever ou um momento de participação em cerimônias cheias de reverência e de alguma piedade.
Isso vale também para toda a comunidade e diria que também para toda a nossa sociedade: quem é Jesus para nós. A resposta, se a acolhermos, não poderá nos deixar igual ao que éramos antes, isto é, não só como algo que está na nossa cabeça, mas, sobretudo, na vida e nas escolhas concretas que fazemos.
Nestes dias, nós assistimos a tantas vias sacras humanas, feitas de guerras, cataclismos, migrações forçadas. O que isso tem a ver conosco, cristãos, a mim que tenho o nome de Jesus recebido das águas do batismo? A resposta da Páscoa é que Deus não somente assumiu a humanidade a ponto de morrer, mas também escolheu a via da não violência e da total solidariedade com todos os e com cada homem e mulher que sofrem neste mundo.
Quem é este? Quem sou eu? Quem somos nós?
O antigo relato da paixão nos fala de novo e de novo esta semana santa se torna um pequeno, mas definitivo, itinerário para conhecer quem Jesus verdadeiramente é.
Se descobrirmos e redescobrirmos essa identidade de Jesus, mais uma vez sentiremos o dever de anunciá-lo aos outros. Nós passaremos do “quem é Jesus para mim” ao “quem é Jesus para você”. É a missão do cristão que deseja que também outros redescubram a verdadeira identidade de Jesus e, com Ele uma maneira verdadeiramente diferente de viver a vida e servir o homem do século XXI.
Foto: http://1.bp.blogspot.com/_drqO7qJ_y4o/S67b-_95PbI/AAAAAAAAFLQ/RGyd4hxPHpk/s1600/second.jpg
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