Artigo: Nós podemos ser melhores quando começarmos a servir os irmãos

18/10/2009 - 1:00 - UCDB

Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges

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Na vida, nós queremos o melhor para nós e para os nossos filhos. Nós nos educamos, buscamos as melhores chances para podermos nos realizar como pessoas. Há até um ditado que diz que a mesma oportunidade não vem a nós duas vezes. Nós devemos agarrar a chance que nos chega pela primeira vez e nunca mais deixá-la.

 

Jesus formou uma escola especial com os seus discípulos. Ofereceu-lhes aulas de como tratar o povo; levou alguns deles até o Monte Tabor, onde se transfigurou para mostrar que após a cruz viria a ressurreição; andou sobre as águas, para mostrar que quem tem fé consegue dominar até as forças da natureza; foi com seus discípulos à casa de pessoas consideradas pecadoras para lhes dar a oportunidade de praticar a misericórdia.

Quando estava quase para dar o diploma de formatura no Monte Calvário, os discípulos mostraram que ainda não estavam preparados como Jesus pensava. Eles ainda estavam agarrados à ideia de que Jesus iria se tornar um rei poderoso, num reino que precisaria de uma estrutura para a qual eles seriam os ministros.

 

No evangelho deste 29º domingo do tempo comum, Marcos fala de um momento especial da caminhada de Jesus e seus discípulos rumo a Jerusalém. Dois discípulos, Tiago e João, se aproximaram de Jesus e pediram-lhe para que quando fosse instaurado o seu reino, um se sentasse à sua direita e outro à sua esquerda. Jesus não lhes tirou de imediato o entusiasmo. Disse-lhes apenas que eles não sabiam o que estavam pedindo. Na verdade, para viver no seu reino, eles deveriam beber do mesmo cálice que Ele beberia, ou seja, deveriam passar pelo martírio: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado”.

 

Depois, Jesus lhes disse que Ele não tinha autoridade para conceder o que eles estavam pedindo, porque esses lugares já estavam ocupados. Os outros discípulos ficaram indignados não porque os discípulos estavam importunando Jesus, mas porque tinham o mesmo desejo de Tiago e João. Jesus, então, convidou-lhes a se aproximarem, e concluiu: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. Mas, entre vós, não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.

 

Nós, cristãos, assim como os discípulos, devemos nos formar na escola de Jesus. Como discípulos, devemos também querer o melhor para nós e para os nossos filhos. Jesus nos ensina, no entanto, que o caminho para a glória passa pelo serviço e não pelo poder.

Nós até podemos nos perguntar se Jesus nos concede tudo o que lhe pedimos. Sim, Ele pode nos conceder. Só não pode nos conceder o desejo de ambição, de domínio, o desejo de querer ser melhores do que os outros. Isso, se nós quisermos, teremos que conquistar por nossa conta e por nosso próprio esforço. O que nos faz grandes, o que nos prepara para as grandes conquistas é uma vida de doação e de serviço. Os discípulos devem dar testemunho de uma nova ordem e propor, com o seu exemplo, um mundo livre do poder que escraviza.

 

Nós estamos no mês missionário. Todos nós somos chamados a evangelizar. A evangelização se faz se faz meio a dificuldades. A nós está reservado o mesmo destino de Jesus. Ele dizia que do mesmo jeito que foi perseguido, também nós seremos perseguidos. A Igreja se coloca no mesmo caminho e passa por tudo o que Cristo passou, seguindo o caminho da Cruz e fazendo-se testemunha e companheira de viagem desta humanidade.

 

A atitude de serviço que Jesus pede aos seus discípulos deve manifestar-se, de forma especial, no acolhimento dos pobres, dos fracos, dos humildes, dos marginalizados, dos sem direitos, daqueles que não nos trazem o reconhecimento público, daqueles que não podem retribuir-nos. Nós somos capazes de acolher e de amar os drogados e os divorciados, os doentes incuráveis e os idosos, aqueles quem que ninguém quer e ninguém ama?

 

Quando respondermos positivamente a essas perguntas, então poderemos dizer: “nós somos grandes, porque neles está Jesus”. Aí, sim, nós seremos grandes sem precisar pedir a Jesus; nós poderemos desejar tudo para nós e nossas famílias e isso nos será concedido. É assim que nós vamos nos formando na escola de Jesus e receberemos no final da nossa jornada uma nota dez.

 

Devemos sentir o anseio e a paixão de iluminar todos os povos com a luz de Cristo, que resplandece no rosto da Igreja, para que todos se reúnam na única família humana, sob a amável paternidade de Deus.

 

Que a paz esteja com todos vocês neste domingo e sempre!

 

 

Pe. Pedro Pereira Borges

Pró-Reitoria de Pastoral

 

 

 

Imagem:

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