29/11/2009 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges
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Com este primeiro domingo do Advento, os cristãos começam a sua preparação para o Natal. No início do cristianismo, a principal festa era a Páscoa. Os cristãos se reuniam aos domingos para a celebração comum e a ceia. Com o passar do tempo, a Igreja percebeu que esta festa precisava de uma preparação maior. Então, surgiram a quaresma e o período pascal.
O advento veio mais tarde. A partir do ano 350, a Igreja decidiu celebrar também o nascimento de Jesus. O problema era saber a data exata em que se deu esse acontecimento. Como naquele tempo os pagãos de Roma celebravam o nascimento do “Deus Sol”, no dia 25 de dezembro, quando se tornaram mais numerosos do que os pagãos, os cristãos estabeleceram esse dia como o dia do nascimento de Jesus. O sentido da festa do sol passou a ser o seguinte: Jesus é o verdadeiro Sol, a luz que ilumina todos os homens.
Nos idos dos aos 600, a festa do Natal de Jesus ganhou tanta força que a Igreja decidiu que, para prepará-la, era necessário um tempo especial. Então, surgiu o Tempo do Advento. Ficou também decidido que o ano litúrgico começaria com o Primeiro Domingo do Advento.
Terminando o ano em que nos dedicamos à leitura do Evangelho de Marcos, os cristãos, neste ano, fazem a leitura do Evangelho de Lucas. O evangelho deste primeiro domingo do advento é tirado de Lucas 21,25-28.34-36. Lucas nos convida a observar nos sinais da vida a presença do Senhor: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas. Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória”.
Este primeiro domingo nos coloca também diante da necessidade de transformar o tempo do advento em um tempo favorável para começar uma nova caminhada no seguimento de Jesus: “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem”.
Refazendo as etapas da vida do Senhor, temos a oportunidade de reconhecê-lo como o Emanuel, Deus-conosco, que vem para ficar próximo da humanidade e para compartilhar com o ser humano todas as suas situações existenciais.
O convite principal do evangelho deste domingo é este: os cristãos devem vigiar e estar de cabeça erguida, prontos para a vinda do Senhor. Esse estado de prontidão não significa viver no medo de que o céu venha a cair sobre as nossas cabeças. Nós devemos, sim, é conduzir a nossa existência, a nossa vida, sob o olhar amoroso e misericordioso de Deus. Mesmo diante das fraquezas e dos problemas, Deus não nos abandonará. Podemos viver sempre na esperança de que temos nele um apoio seguro em qualquer situação. Ele vem para nos libertar de todos os males e nos dar uma vida nova.
Para nós, hoje, escutar este evangelho e também as leituras tiradas de Jeremias e da primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, pode ser motivo para amadurecer algumas atenções importantes: a primeira está no viver uma espiritualidade atenta, de olhos abertos, diante das situações e dos desafios do nosso tempo. A violência, seja em nosso país ou fora, é uma marca dos nossos dias. Fala-se de guerra e terrorismo, luta contra o narcotráfico. Mas também em nossas escolas os alunos praticam o bulling com os colegas e há a violência familiar que perturba o sono das nossas crianças e dos nossos jovens.
Nesse contexto, os sofrimentos e as esperanças de libertação de tantas pessoas que vivem sob o jugo das injustiças, da ausência dos direitos humanos mais fundamentais, são um convite a todos nós, cristãos, a vivermos a solidariedade, a ficar de olhos abertos, diante da história que estamos vivendo.
Vigiar significa também viver aquela oração que Jesus ensinou aos seus amigos; não uma oração feita de palavras sem vida, mas uma oração que realmente nos coloque diante do Pai, pedindo o dom do Espírito para ser testemunhas de um amor devotado a todos e aberto além dos confins do bom senso, guiados pelo Espírito de Deus.
Um segundo comportamento importante que precisamos amadurecer a partir do evangelho de hoje é aquela que podemos chamar de espiritualidade da escuta. É esta a atitude do pobre de espírito, de quem sabe que não pode fazer as coisas sozinhos, de que precisamos dos outros.
O Senhor “ensina aos pobres os seus caminhos!”. O Espírito Santo está guiando os cristãos para a verdade que nos faz buscar e acolher os sinais dos tempos nas dificuldades históricas que estamos vivendo. Uma espiritualidade da escuta nos leva a aprender a escutar o que Deus nos tem a dizer e o seu chamado nos chega através do outro e das situações históricas.
A escuta se opõe à distração e à superficialidade, tão difundidas hoje em dia, inclusive dentro da Igreja, quando não deixamos espaço para um diálogo adulto em nossas comunidades. Quando não prestamos atenção às necessidades dos pobres significa que não damos atenção à Palavra que Deus nos transmite nos dias de hoje.
O advento é tempo de espera e de conversão: é tempo para deixar transformar o nosso coração em um coração atento e mais sensível à presença de Deus que continua a nos chamar, a nos amar e a cuidar de nós.
Como cristãos, por fé e vocação, somos chamados a enxergar a história além das aparências. Em Jesus, que vem a nós no mistério da encarnação, experimentamos Deus em nosso quotidiano. Não como juiz a nos condenar por nossos crimes, mas como Pai amoroso, disposto a nos perdoar e nos reconduzir ao caminho da vida verdadeira. À luz dessa esperança, reunimo-nos como Igreja para clamar: Vem, Senhor Jesus! Este deve ser o espírito do Advento que estamos começando hoje (Santuário de Aparecida).
Que a paz de Deus esteja em seus lares!
Pe. Pedro Pereira Borges
Pró-Reitor de Pastoral UCDB
Imagem:
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Evento será realizado no auditório do bloco M
Evento será realizado em sala de aula no bloco A