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“Queremos ver Jesus”. Esse pedido feito pelos gregos a Felipe e André, no evangelho deste quinto domingo da Quaresma, tirado de João 12,20-33, aos nossos ouvidos pode soar como uma pergunta: “é possível ver Jesus?”.
O pedido é fundamental. Sem procurar nós não achamos o que queremos. Sem pergunta não existe resposta verdadeira e, sobretudo, não existe recepção da resposta.
Às vezes tenho a sensação que, como Igreja, preocupamo-nos mais com as respostas do que em escutar as perguntas, as verdadeiras perguntas.
Um jovem me contou que o bispo de sua diocese decidiu ir a um bar frequentado pelos jovens da cidade numa noite para falar com eles. O bispo queria dar um sinal concreto de proximidade com os jovens, procurando, assim, derrubar o muro de separação entre a realidade juvenil e os representantes da Igreja.
Belíssima iniciativa! O problema é que o bar no outro final de semana se encheu de padres e adultos, vindos das várias paróquias, enquanto os jovens ficaram de fora, todos olhando aquela estranha reunião no seu lugar de encontro.
O jovem que me contou esse acontecimento falou que a presença do bispo havia levado a maior parte dos jovens se retirar do lugar porque não acreditavam como era possível que o mais alto representante da Igreja local, aquela Igreja que muitos criticam e rejeitam, poderia ir justamente àquele lugar.
À parte disso, o jovem me falou que, durante aquela noite, foram feitas muitas perguntas por alguns dos jovens e adultos que ali se encontravam, sobre muitos assuntos polêmicos e difíceis.
O bispo procurou responder a todos. A impressão que o jovem teve foi que as respostas do bispo foram muito condicionadas pelo cargo que ele exerce na Igreja. Pareciam de fato falar sempre das mesmas coisas que podem ser encontradas em qualquer catecismo ou documento oficial.
É importante, porém, a questão que as perguntas levantam. Foi criada uma oportunidade para que os jovens perguntassem sobre Deus, sobre a fé, sobre a Igreja, sobre o sentido da vida e os verdadeiros ensinamentos religiosos.
Acredito então que os gregos que se aproximaram dos discípulos de Jesus com um desejo simples, mas o seu pedido se transformou numa verdadeira pergunta: “queremos ver Jesus”. Não se trata de uma simples curiosidade visual, mas expressa o desejo de encontrar e compreender esse personagem novo que está causando tantas esperanças no seu povo, Jesus.
É interessante como a sua pergunta: “é possível ver Jesus?”, foi feita por primeiro a Felipe, depois a André. Por fim, chegou a Jesus. E Jesus dará a eles a resposta que, presumivelmente, será dada a quem fez o pedido, aos gregos que haviam ido a Jerusalém para prestar culto.
A Igreja certamente tem a missão de escutar Deus, mas, ao mesmo tempo, também de escutar o homem. Sem escutar o homem é difícil também escutar verdadeiramente o que Jesus tem a dizer para a humanidade.
E a resposta de Jesus confirma o sentido da sua história: “para ver Jesus” é preciso olhar lá onde existe a dinâmica da morte e da vida, de doação da vida, de capacidade de perder algo para reencontrar aquilo que é mais importante.
É possível ver Jesus onde foi elevado o amor total e não sobre pedestais de glória humana e do poder. Jesus, na verdade, nos atrai para si do alto de uma cruz e não do alto do seu trono.
Essa é a resposta que os cristãos podem dar a quem busca Jesus. E é uma resposta a ser dada com a linguagem da vida e com o testemunho.
A quem me pergunta: onde está Jesus?, posso responder com o testemunho dos meus gestos e com o meu estilo de vida. Se consigo viver com a lógica da semente, que está pronta para morrer para dar vida à planta, então quem busca Jesus neste mundo consegue vê-lo assim como o evangelho relata.
Talvez a resposta mais bonita desse bispo aos tantos jovens que buscam Jesus e não conseguem mais vê-lo na Igreja que rejeitam tenha sido dada antes de abrir a boca com os ensinamentos do catecismo, mas justamente saindo da sua residência majestosa e se sentando nas mesas onde os jovens costumam passar as tardes e as noites.
A resposta mais bonita foi aquela de se colocar à disposição para escutar as perguntas, na humildade e na amizade.
(Fonte: Qumran)
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