11/07/2010 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges
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No evangelho deste XV Domingo do Tempo Comum, de Lucas 10,25-37, encontramos uma parábola para lá de especial.
Jesus conta que um homem descia de Jerusalém para Jericó. Um homem. E não devemos acrescentar aí nenhum adjetivo, para afirmar que ele era justo ou injusto, rico ou pobre. Pode ser até que fosse até um desonesto, um desaforado ou um brigão. O seu nome, naquele momento, no entanto, é: roubado, golpeado, sozinho, meio morto. Nome eterno: lá onde o mundo geme com as veias abertas, existe um imenso rio de lágrimas caindo por tudo aquilo que vive.
Jesus fala para os seus ouvintes que um sacerdote e um levita desceram por aquele mesmo caminho. Ambos desviaram o olhar, passaram pelo outro lado do caminho e seguiram adiante. Mas onde é esse adiante? O que existe lá na frente? Além do homem, não há nada, mas o absurdo, o inútil. Ninguém pode dizer-se estranho à desgraça do homem, ninguém pode dizer: não estou nem aí! Estamos todos no mesmo caminho, na mesma história. Nós nos salvaremos ou nos perderemos todos juntos.
Ao contrário, um samaritano “teve compaixão” daquele homem e tornou-se o seu próximo. Dois termos que têm o mesmo significado. Palavras que derramam no mundo as goteiras de humanidade. Não existe humanidade sem compaixão e sem que os seres humanos se tornem próximos (lembrem-se da Copa do Mundo. Vimos o povo sul-africano dando exemplo de perdão e integração e milhares de turistas participando de sua festa!).
A compaixão é o menos sentimental dos sentimentos, o menos açucarado, o menos emotivo, é “o sofrer juntos”. O samaritano desce do cavalo, abaixa-se, talvez com medo, talvez tema também que os ladrões estejam por perto ou que está sendo vítima de uma cilada. Mas a compaixão não é um instinto, é uma conquista. A proximidade é uma conquista que coloca no centro a dor do outros e não o meu sentimento.
Existem dez verbos na fila para descrever o amor do samaritano: “viu” o homem, “moveu-se”, “desceu” do cavalo, “aproximou-se”, “derramou” óleo, “enfaixou”, “colocou” sobre a montaria, “levou-o” para a hospedaria, “pagou” o hotel e “retornou” depois de sua viagem para pagar o que fosse necessário. Esse é o novo Decálogo, os novos Dez Mandamentos para o homem de hoje, crente ou não, para que o homem seja homem, para que a terra seja habitada por “próximos”, por uma nova arquitetura do mundo e da história.
Perguntam a Jesus: “Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna?”. O que fazer para se tornar esse homem? Jesus responde com um verbo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo!” e com uma parábola na qual pode ser encontrada a possível solução da História, a sorte do mundo e o destino do homem.
Todo o nosso futuro está num verbo: Você amará. Um verbo no futuro porque esta é uma ação que ainda não foi concluída, porque durará enquanto o mundo existir. Porque é um projeto, e é único. Não uma obrigação, mas uma necessidade para viver. O que devo fazer amanhã para viver? Você amará! O que farei no ano que vem e para o meu futuro? Você amará! E a humanidade, o seu destino, a sua História? Somente isto: você amará! É uma parábola colocada no centro do evangelho, e no centro da parábola um homem. E um verbo: você amará. “Vá, e faça você a mesma coisa” e você achará a vida!
Fonte: qumran2.net
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