15/08/2010 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges
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“O Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor”, diz Maria no seu cântico de louvor a Deus, que nós lemos no evangelho de hoje, de Lucas 1,39-56, e que muitos conhecem com a primeira palavra da sua tradução latina como Magnificat. As “grandes coisas” que o Todo-Poderoso, isto é, Aquele para quem nada é impossível fez para a humilde jovem de Nazaré, são aquelas que os cristãos celebram todos os anos com as festas apropriadas.
No canto do Magnificat, Maria colocou toda a sua alma e toda a sua personalidade de mulher de fé. Com o Magnificat, Maria proclama que Deus é grande, ao mesmo tempo em que deseja que Deus seja grande no mundo, seja grande na sua vida, esteja presente entre todos nós. Ela não tem medo de que Deus possa ser um concorrente em nossa vida, que possa tirar um pedaço da nossa liberdade, do nosso espaço vital com a sua grandeza. Ela sabe que, se Deus é grande, a nossa vida é elevada e engrandecida: a partir de agora se torna grande o esplendor de Deus no mundo.
De fato, grandes coisas fez o Todo-Poderoso. Mas a festa da Assunção, como qualquer outra festa cristã, não ésomente a contemplação das obras de Deus: ela diz respeito também a nós que a estamos celebrando. A Liturgia das Horas de hoje diz: “Nela, Senhor, fizeste resplandecer para o teu povo, um sinal de consolação e esperança”. O cristão é um peregrino, que caminha no tempo tendo clara a meta, a vida eterna com Deus. Maria é o espelho no qual se reflete a possibilidade que Deus oferece a todos de alcançar a meta, como já aconteceu com ela.
E isto quer dizer que não somente para Maria Deus fez grandes coisas. Ele as faz e as faz também para aqueles que desejam compartilhar a sua fée a sua disponibilidade. Todo aquele que acredita pode referir a si mesmo as palavras da Mãe de Deus, basta que se lembre que o Todo-Poderoso lhe deu a vida, quer a sua amizade e pode lhe dar um futuro com Ele.
Especificamente, como glorificou o corpo de Maria, Deus quer fazer mais por nós, nos tempos e nas maneiras que somente Ele conhece, porque também o corpo do homem tem valor aos seus olhos. Importante é salvar a alma, diz-se comumente. Mas isso está errado: Deus criou não a alma, mas a pessoa, composta de alma e corpo, e nada do que Ele criou foge dos seus cuidados ou perde importância.
A festa de hoje soa assim também como um convite a um comportamento correto em relação ao nosso corpo, muitas vezes objeto de atenções desequilibradas, mesmo que modelado nas academias: por um lado, com cosméticos e tantas coisas, na tentativa às vezes patética de anular os sinais do tempo que passa; por outro lado o descuido, quando não o desprezo, do corpo do outro, que se torna vítima da violência, da fome dos abusos e do desfrute.
Este evangelho, portanto, fala muito para nós. Hoje em dia, muitos pensam e acreditam, tirando Deus de nossas vidas, seguindo nossas próprias ideias, a nossa vontade, seremos realmente livres, podendo fazer tudo o que quisermos, sem que ninguém possa nos dar ordens. Mas onde Deus desaparece e o homem se torna maior, a humanidade perde a dignidade divina e o esplendor de Deus no seu rosto. No fim, o resultado é só o produto de uma evolução cega que, como tal, pode ser usada e abusada, inclusive incidindo sobre o uso e os abusos do nosso corpo.
Se somente Deus é grande, também o homem é grande. É isso o que esta festa de hoje nos quer ensinar. Não devemos nos afastar de Deus, mas torná-lo sempre mais presente e grande em nossas vidas, para colocar todo o esplendor da Sua dignidade em nós.
A festa da Assunção mostra, portanto, não a nossa distância, mas a nossa proximidade com Deus. Maria não se afastou de nós, mas permanece ainda próxima e a sua luz se projeta sobre nossa vida e sobre a história da humanidade. Podemos recorrer a Ela com fé, porque, lá de junto de Deus, ela nos olha e nos protege. Todos temos necessidade de sua ajuda e do seu conforto para enfrentar as dificuldades e os desafios de cada dia.
Maria nos ensina, através desta festa, a provar, jáhoje, nesta terra, a alegria e a paz que vêm da plenitude que alcança a meta imortal do Paraíso. Só chegaremos a isso compreendendo que na pequenez do ser humano age a grandiosidade de Deus.
Apresentações continuam nesta terça e quarta-feira no auditório do bloco A