Artigo: Todos têm direito a uma oportunidade

17/07/2011 - 0:00 - UCDB

Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges

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Chegamos ao 16º Domingo do Tempo Comum. Para contemplar o que Jesus tem a nos dizer através do evangelho de hoje, de Mateus 13,24-43, convido a todos a me seguir, a subir num monte para observar do alto o campo de que fala o evangelho.

Jesus, ao explicar a parábola do joio e do trigo contada ao povo, diz que Ele é o semeador, a boa semente são os que pertencem ao Reino e o joio, que foi semeado pelo diabo, são aqueles que pertencem ao maligno.

No entanto, olhando ao nosso redor, tudo parece estar em seus devidos lugares. Nossos campos são semeados, os agrotóxicos se encarregam de combater as ervas daninhas e tudo o que possa impedir a plantação de produzir grãos e frutos para o consumo interno e externo. Portanto, nós não conseguimos mais ver o inimigo. Parece que ele desapareceu há muito tempo.

Aquilo que vemos são as nossas comunidades. Nelas foi semeada a palavra de Jesus. A evangelização foi acompanhada pela catequese, pelas missas, pelas reuniões dos conselhos paroquiais, por louvores cantados a todo pulmão em honra do Senhor Jesus.

No entanto, podemos ver que nas nossas comunidades existem bons cristãos, aqueles que receberam a semente do evangelho e procuram viver de acordo com ele. Mas eles também estão rodeados por pessoas vazias, críticas e complicadas, pecadores e indiferentes. Portanto, não é fácil fazer uma separação entre quem é trigo e quem é joio.

Se continuarmos a olhar, veremos as nossas comunidades convivem com os dois tipos de pessoas: aqueles que se assemelham ao trigo e aqueles que se assemelham ao joio.

Como isso pôde acontecer? Na vida, há mistérios que não sabemos como solucionar. Na história das nossas comunidades, há pessoas que já foram joio, mas se tornaram trigo, e há pessoas que já foram trigo, mas se tornaram joio.

A partir daí, no campo de Deus, que são as nossas comunidades, passa a reinar a confusão. Do alto do monte, eu também me vejo e me pergunto: sou parte do trigo? Sou parte do joio, da discórdia, da erva daninha que destrói a possibilidade do trigo crescer?

Também vejo meus colegas: como fulano pode estar naquele lugar? O cara já fez tudo que é tipo de mal nesta vida, mas agora está no lugar do trigo.

Na verdade, no campo do Senhor, todos têm o direito de crescer, todos têm uma possibilidade. Esse fulano que era joio e passou a ser trigo é como São Paulo, Santo Agostinho, São Francisco Xavier ou Charles de Foucauld. Este último era um jovem passional. Caiu na baixeza do pecado a ponto de dizer: “Aos dezessete anos eu era completamente egoista, inclinado para o mal como se estivesse tomado pela loucura. E quando estava vivendo da pior maneira possível, estava convicto de que tudo era absolutamente normal”.

Mas, por graça de Deus, esse joio europeu se tornou um grão. Foucauld escalou a montanha da santidade, chegando a exclamar: “pela difusão do evangelho estou pronto a ir até os confins do mundo. Desejo sofrer o martírio para amar Jesus com um amor pleno”. Morreu num assalto ao mosteiro onde residia no deserto do Saara.

É bom contemplar esse tipo de gente, como também os trabalhadores. Entre eles existem os fanáticos pela organização, os bons jardineiros, paisagistas que têm na mente um modelo de lavoura do passado. Sonham com jardins franceses, nos quais tudo é marcado segundo as regras. Não quero cair em suas mãos. São pastores ou xerifes que vigiam o seu setor?

Mas vejo também um camponês de Deus, um homem simples que ganha a vida com simplicidade. Nós o imaginamos, mais do que o vemos verdadeiramente. Está ali esperando, diante de sua casa. Espera, paciente, exultando antecipadamente pela colheita. Chama todos aqueles que querem ir até Ele. Diante dos tantos trabalhadores que querem cortar o mal pela raiz, dizendo que a sociedade é boa e os cidadãos é que não prestam, Ele diz para esperar, para ter paciência com todos, porque Deus tira o bem lá onde existe o mal.

Com esse jeito de agir, Deus dá uma oportunidade ao drogado e até mesmo ao assassino mais desumano. O trigo bem cultivado pode ajudar na conversão desse tipo de gente, pois a Palavra de Deus jamais foi lançada em vão.

A imagem marcante desta semana foi aquela do assalto a uma loja em Salvador. O assaltante saiu correndo da loja e, para desviar a atenção de si, atirou numa mulher que estava passando por ali. Antes de cair morta, segundo uma testemunha, ela ficou de joelhos e pediu perdão por duas vezes. Sem seguida fez o sinal da cruz e morreu.

Se Jesus perdoou o bom ladrão antes de ele dar o último suspiro, também perdoou aquela mulher, naquele pedido de perdão, na agonia da morte.

O joio de sua vida foi o ladrão. Ela se livrou de tudo neste mundo através do perdão.

É assim que Deus age: restituindo a esperança no seu campo que é o mundo e as nossas comunidades. Nada pode nos mudar à força. A única força capaz de nos fazer dar frutos é a paciência de Deus santificada pela sua Palavra.

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