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O evangelista João (20,19-31) conclui o seu evangelho (Segundo os estudiosos, na verdade esta é a primeira conclusão do escrito, ao qual se juntou posteriormente o capítulo 21) com o encontro entre o Ressuscitado e os seus amigos e, entre eles, destaca Tomé, chamado Dídimo, que, em grego, quer dizer “Gêmeo”.
Tomé, chamado gêmeo! Quem sabe quem é esse gêmeo de Tomé. Talvez sou justamente eu, somos nós! Somos todos irmãos gêmeos de Tomé.
João diz que esses acontecimentos acerca de Jesus e, em particular, os sinais que Ele realiza foram escritos para que alimentem a fé e para que, nessa fé, encontremos a vida.
O evangelho não tem o poder de um livro de fórmulas mágicas que de uma maneira misteriosa obrigam a acreditar em Deus.
Para muita gente, seja no passado como hoje, esses relatos não têm um valor e poder e, mesmo na simples leitura ou usados como objeto de estudo, não podem ser encontrados neles nada que levem a acreditar em Deus e na ressurreição de Jesus.
Mas o evangelho é – justamente como João diz, no final – um relato de uma experiência pessoal e de um grupo de pessoas que hoje não existem mais, mas que, naquela experiência direta com Jesus, encontraram o sentido da sua vida.
Quando os apóstolos dizem a Tomé: “Nós vimos o Senhor”, ele não acredita, ou melhor, não acredita que a experiência feita por eles seja significativa. A sua ausência no momento da primeira aparição do Ressuscitado é, na verdade, providencial! Nessa experiência da “não experiência” do Ressuscitado, a própria experiência muito humana da dificuldade para acreditar ganha dignidade.
A dificuldade para acreditar não está “fora do evangelho”, mas faz parte da experiência humana. Sem aquela ausência de Tomé, que evidencia a sua dificuldade para acreditar na ressurreição, as nossas experiências pessoais de fé não existiriam. O próprio Mateus, quando relata a aparição do Ressuscitado, no final do seu evangelho, sublinha que “eles, porém, duvidavam” (Mt 28,17).
Tomé não acredita se não toca com a mão e não vê com os próprios olhos Aquele que ele viu morrer e que voltou a viver.
Eu nunca vi Jesus vivo em carne e osso, e, portanto, para mim não me servem as provas que Tomé pede, se eu quiser acreditar.
Tenho dificuldade de acreditar que “o Senhor ressurgiu” quando ao meu redor os sinais do mal e da morte parecem maiores e poderosos do que tudo. Tenho problemas para acreditar naquilo que celebrei com tanto fervor há uma semana, porque, assim que as velas do altar são apagadas, no final da celebração, faço um reencontro com minhas limitações e meus problemas, que não são desaparecem num passe de mágica: a dúvida de que tudo aquilo não passou de uma bela encenação não desapareceu de dentro de mim.
Sinceramente, tenho um pouco de medo daquilo que “não duvido” e que acreditar em Deus parece fácil como acreditar que amanhã o sol vai aparecer de novo.
Menos mal, então, que o relato do evangelho nos leva a Tomé, ao fato de que não estava lá, entre os discípulos, naquele momento que Jesus se lhes apareceu. Tomé e sua ausência me fazem sentir mais em paz, porque também eu não estou lá, sempre que Deus parece querer dar sinais da sua presença, e sempre estou cheio de dúvidas e de perguntas.
O relato do evangelho é, portanto, uma resposta que quer entrar em sintonia com tudo aquilo que sou, fé e dúvida, virtude e pecado, qualidades e defeitos, alegrias e dores da vida.
O evangelista João me diz – e não impõe – que o encontro com o Ressuscitado é possível também para mim que duvido e que sou tentado a desistir. E me diz que, por acreditar, eu encontro a vida, aquele desejo de viver que está na base do meu sentir.
Hoje, eu vi na internet o nascimento de uma nova droga mais poderosa que o crack, que já se espalhou por onze Estados brasileiros, inclusive Mato Grosso do Sul. Com isso, muitas famílias já ficam preocupadas com a situação do seu filho.
Hoje, pude ir a um velório e vi o quanto choravam os parentes daquele jovem, que tinha uma vida cheia de promessas pela frente.
Hoje, ouvi a angústia de um amigo abandonado por aquele que sentia ser o amor da sua vida.
Hoje, visitei um doente que jazia no leito sem esperança, e não sabia o que dizer a ele e aos seus entes queridos.
Não encontrei Você ali, Senhor! Onde Você estava?
E as palavras e as orações do dia de Páscoa me pareceram tão distantes e superficiais. Daí, me pergunto: tem ainda sentido celebrar a Páscoa neste mundo? Não corremos o risco de transformar a nossa vida numa comédia já que ninguém é mais realmente acreditar?
Mas depois ouço a profundidade dos pensamentos que tenho no coração e sinto justamente atrás das minhas dúvidas e do meu protesto em relação a Deus que tenho um profundo desejo de viver.
A sua ressurreição, Jesus, está dentro de mim, está gravada no fundo de minha alma.
É justamente a dúvida que me corrói que é o sinal de que fui feito para viver e viver de Você! Ressuscite em minha alma, Senhor!
Ressuscite e faça de mim o modelo vivo da Sua ressurreição, feito de fé e de dúvida, mas que justamente por isso é um modelo verdadeiramente humano.
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_1Ohm0-qwLLU/Swmb9JcQgTI/AAAAAAAACas/29YGywVmVeI/s1600/A+incredulidade+de+S%C3%A3o+Tom%C3%A9,++Caravaggio..jpg
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