Artigo: Um grande poder exige uma grande responsabilidade

12/06/2011 - 0:00 - UCDB

Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges

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A Igreja tem um poder ou uma missão?

No filme Homem Aranha, de Sam Raimi, Tio Ben, o personagem que interpreta o tio de Peter Parker, que descobriu há pouco tempo seus poderes, diz ao homem aranha: “um grande poder exige uma grande responsabilidade”.

Trata-se de uma frase muito simples tirada de um filme de ação, mas que nos ajuda a refletir e uni-la com a cena do Pentecostes, assim como é narrada por Lucas, nos Atos dos Apóstolos, e por João, no evangelho de hoje (Jo 20,19-23).

Os apóstolos são investidos de um grande poder do Alto, isto é, de Deus. É o dom do Espírito Santo, que o evangelista João relata de modo diferente de Lucas, mostrando-nos o próprio Jesus ressuscitado que “sopra” sobre os apóstolos o dom do Espírito Santo.

Com esse dom do Espírito Santo, fechamos todo o tempo pascal: nasce a Igreja, a comunidade dos discípulos de Jesus, que têm a missão de levar a sua palavra a todos os lugares e em todos os tempos.

Meditar esses trechos da Escritura que relatam o nascimento da Igreja leva-nos também a refletir sobre a nossa identidade de Igreja, hoje, e lembrar-nos o que nos faz diferentes de outras igrejas que surgiram do cristianismo ou de qualquer filosofia de vida oriental.

Nós recebemos um poder grande do alto, um poder que não nos autoriza, em nenhuma circunstância, a nos sentir poderosos e donos do mundo, mas, ao contrário, nos coloca diante de nossas grandes responsabilidades.

No filme do homem aranha, o jovem Peter nos leva a compreender o sentido dos superpoderes que recebemos. Logo os usa para arrecadar dinheiro, pensando que, no fundo, os poderes devem ser usados em benefício próprio. Mas serão justamente as simples palavras do Tio Ben que farão com que ele se lembre que o poder que recebeu o coloca diante de uma grande missão. Se isso funciona no filme, deve funcionar muito mais na vida da Igreja.

Jesus ainda acrescenta algo aos seus discípulos: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles não serão perdoados”. É, de fato, um grande poder, um poder de perdão e condenação que talvez seja muito grande se colocado nas mãos de homens que são pecadores e também necessitados de perdão.

Esse poder foi usado talvez de maneira imprópria na história da Igreja. Em muitas situações, ela o usou com a pretensão de dizer que quem está dentro e quem está fora, quem é amado por Deus ou não, quem aceitar ou quem recusar. A Igreja tem o poder de perdoar não para excluir e criar um grupo de “perfeitos”, mas recebeu esse poder para alargar a família daqueles que se sentem filhos de Deus.

Tem o poder de perdoar para que todos se sintam amados por Deus. A voz de Jesus que perdoava a pecadora na casa de Simão, de Lázaro ou nas proximidades do Monte das Oliveiras, que estava com os publicanos e que comia na casa dos pecadores, agora está na voz Igreja e na voz de cada cristão, em nós.

Esta é, portanto, uma missão verdadeiramente grande, talvez grande até demais, mas que não podemos ignorar. Temos, realmente, necessidade, como comunidade e como cristãos individualmente, de receber de novo o Espírito Santo, de modo a não transformar o poder em violência, em assassínio espiritual e exclusão, mas viver esse poder como serviço ao amor inesgotável de Deus.

Precisamos de um Pentecostes renovado, porque o mundo, sempre mais dividido e violento, precisa da Igreja, como portadora de paz e de acolhida.

Esta é a nossa missão, uma missão que levamos para frente com o poder que nós recebemos de nós mesmos e do qual não somos proprietários, mas que nos foi dado pelo Alto.

Foto: http://www.hiddenmeanings.com/pentecost.jpg

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