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“Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?”. É com esta pergunta que começa o evangelho deste XXI Domingo do Tempo Comum, de Lucas 13,22-30.
Cada página do evangelho, se ouvida com mente aberta, é como uma porta que se abre para um horizonte imprevisível e surpreendente: a Teologia fala de Revelação, que nós reduzimos a ideias, a verdades abstratas, a dogmas inatingíveis pela mente humana, ou a normas morais pesadas, quase impossíveis de serem cumpridas, que condicionam a nossa liberdade. A revelação, ao contrário, é uma Palavra viva com a qual Deus quer nos anunciar “uma coisa sempre nova”. É como uma porta que se abre para perspectivas impensáveis nas quais somos chamados a entrar para viver uma experiência que nos é oferecida como dom gratuito, na qual a existência humana, encontrando a alegria e a felicidade, sente-se plenamente realizada.
Aquilo que na linguagem religiosa é chamado de “salvação” é esta experiência de vida plena, bem-aventurada, feliz, à qual o homem deseja com todas as suas forças, mas que se lhe escapa quando pretende transformá-la em objeto de conquista e, de maneira imprevisível, conquista quando a acolhe como um dom da parte d’Aquele que o evangelho chama de “dono da casa”.
E é bonita esta imagem da história, da história do mundo como uma casa na qual há Um que “conhece” o projeto de Deus, que quer construir uma família, que está vigilante na porta para que entrem aqueles que estão em íntima relação com ele, que vêm do Norte e do Sul, do Leste e do Oeste, para participar da sua festa. A imagem da casa se conecta, então, com aquela de um Reino no qual se faz festa porque o rei é um pai, os súditos são filhos, a lei é o amor e a condição para se viver aí é a liberdade.
A pergunta: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?”, que nós poderemos traduzir assim: “Senhor, aquilo que dizes talvez seja uma utopia na qual somente uns poucos iludidos acreditam?”. Jesus, como sempre, não responde diretamente, mas faz um forte convite para provocar a responsabilidade livre e pessoal de todos os homens, para que façam uma escolha que se lhes abra a porta da felicidade: a felicidade, o amor e a liberdade não são uma utopia, mas uma experiência possível já agora, mesmo que não de maneira plena, para quem tem coragem de fazer uma escolha diferente, porque é contrária a uma lógica tida como vencedora pela mentalidade normal do homem.
O problema está justamente aqui: a proposta do evangelho é desconcertante porque põe em xeque todas as seguranças e as certezas sobre as quais o homem pensa basear a busca da própria felicidade, que são a riqueza, o poder alcançado de qualquer maneira, a beleza do corpo exibida, o sexo sem amor, mas só pelo prazer, e também a hipocrisia que mascara a fragilidade ética de cada homem com a observância material da lei e a autoabsolvição prepotente que destrói a raiz mais profunda do senso moral natural.
A felicidade é a alegria que o Pai da família humana infunde no coração de cada homem e de cada mulher que se apresentam a Ele com a atitude do Filho, pobre e despojado de tudo, para poder receber tudo dele com a pobreza de Maria que deixa que o Todo-Poderoso olhe a sua pequenez para deixar-se encher com as suas maravilhas.
“Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita”: é o convite de Jesus. A porta estreita é aquela que Ele mesmo atravessou. Pode-se atravessá-la somente se você não estiver sobrecarregado com as cargas desnecessárias de uma riqueza desproporcional, das máscaras do poder e por um poder inútil. Quanta fadiga não temos para conquistar isso! No momento em que queremos degustar a alegria mais verdadeira, a voz do amor do Pai ressoa terrível: “Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim, todos vós, que praticais a injustiça!”.
Esta palavra que hoje ressoa em todas as Igrejas católicas é uma Palavra do Evangelho, a alegre notícia: quer ser um convite forte, desconcertante ainda mais para aqueles que, pelo fato de que estão na Igreja, de uma parte ou da outra do altar, acreditam que estão salvos. A felicidade está tão próxima de todos, mas precisa, hoje, de coragem e de uma escolha séria: a fé no amor do Pai que enche o coração e a vida de quem não a enche de ilusões inúteis!
Fonte: qumran2
Apresentações continuam nesta terça e quarta-feira no auditório do bloco A