Artigo: Uma porta sempre aberta

15/05/2011 - 0:00 - UCDB

Fonte: Pe. Pedro Pereira Borges

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Em um mundo que fecha sempre mais as portas, a pessoa também se isola, reduzindo os contatos, fechando-se em si mesma, morrendo sempre mais nas prisões em que se coloca.

Nestes dias, temos assistido à disputa entre o governo de São Paulo e alguns moradores do Bairro Higienópolis, na capital paulista, encabeçados pelo empresário Pedro Ivanow, que liderou o movimento Defenda Higienópolis, para evitar que uma estação de metrô fosse construída nas proximidades da Avenida Angélica com a Rua Sergipe, alegando problemas supostamente técnicos, no que foi atendido pelo governo.

Vimos também que a Europa, diante dos problemas ocorridos no norte da África, em especial na Líbia e na Tunísia, que têm levado muitos refugiados a se retirarem do palco de guerra rumo ao continente europeu, passou a repensar o tratado de livre trânsito de cidadãos entre os países, fazendo com que, inicialmente, a Dinamarca passasse a vigiar as suas fronteiras.

No Brasil, encontramos hoje condomínios verticais e horizontais fechados, com os cidadãos marcados pelo medo da violência. Passamos a viver do mesmo medo que antes parecia “coisa de americano”, com livre acesso às armas, que saía pelas escolas vingando-se dos colegas ou procurando chamar a atenção do governo por causa do tratamento igual dado para brancos e não brancos.

O evangelho de hoje, de João 10,1-10, apresenta Jesus como a porta aberta, pela qual passa o rebanho. Ele conhece as ovelhas e elas O conhecem. Ele se diferencia do mercenário, porque leva as suas ovelhas para pastar em segurança e é capaz de dar a vida por elas.

Este evangelho chama a nossa atenção para uma nova avaliação sobre o sentido que damos a essa “porta aberta”, pela qual todos podem “ir e vir” e encontrar pastagem e confiança nas realidades do próprio mundo e dos outros.

Da mesma forma que as redes sociais reagiram ao abaixo assinado encabeçado por Pedro Ivanow, criando uma multidão sem rosto, num protesto sem precedentes, os cristãos também devem passar a ter uma nova experiência na arte de seguir Jesus.

Precisamos, tautologicamente falando, “sair para fora” das relações virtuais e perceber que a imagem real das ovelhas entrando e saindo pela porta, conduzidas por Jesus, está pedindo de nós uma vitalidade sempre nova e sempre mais renovadora.

A imagem de Jesus, Bom Pastor, indica para nós a capacidade de fazer uma análise de nós mesmos, análise que nos torna capazes de discernir quem e o que é o bem e o mal para si e para todos.

Abrir as portas passa a significar um entrar e sair de um rebanho, sim, mas sempre através de uma peneira, de um filtro, e aquele que está na porta (e não os guardas da fronteira dinamarquesa ou os seguranças nas guaritas dos condomínios) nos dá a garantia de que, sem Ele, somente existiria dispersão.

Ao contrário, eis que a comunidade humana, que se torna sempre mais forte – mesmo que o conceito de multidão esteja se tornando fluido e se manifeste por meio de abaixo-assinados e de protestos nas redes sociais, que nos torna reivindicadores sem rosto – assim pode se tornar mais forte, coesa, sadia, sábia e aberta para si mesma e também em relação aos outros.

Tornar o mundo uma comunidade aberta é a tarefa de quem acolhe essa proposta de Verdade, lembrando-se de que essa missão nasce e renasce sempre de um dom: aquele da “porta”, que, de dentro ou de fora, promove uma partilha da linfa vital e comunicante da vida.

Por trás dessa imagem, para além do senso de abertura e da possibilidade de transformar a comunidade humana numa multidão revestida por um novo espírito, existe uma outra dimensão: aquela da porta ou da fronteira que desaparecem para deixar que sejamos capazes de ver melhor aqueles que entram e que saem por elas.

A abertura dessa “porta” é um convite a repensar as nossas atitudes, para nos abrir aos outros, ao humano, a fim de tornar as nossas relações mais humanas, num encontro pessoal com Aquele que nos dá segurança e nos livra dos ataques dos mercenários que trazem a morte e a separação.

Esta é a lógica da verdade que, abrindo-se, nos leva a viver a universalidade.

 

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