Evangelho do dia: A moda de Jesus e a moda dos fariseus

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De vez em quando, assistimos à exposição da moda que vai marcar a temporada com sua coleção de inverno ou de verão. Alguns estilistas são pródigos em apresentar os modos mais extravagantes de vestir o povo. Outros apresentam modelos futuristas. Outros, ainda, são mais sóbrios, mas com o máximo de criatividade.

No final do ano passado, por exemplo, Alexandre Herchcovitch, um dos grandes expoentes da moda no Brasil, lançou uma coleção no mínimo inusitada. Inspirando-se no filme O Sétimo Selo, ele apresentou uns modelos masculinos baseados na obscuridade expressa pelo diretor sueco, Ingmar Bergman. Todo o cenário tem como pano de fundo a morte. Por isso, os modelos aparecem como se fossem personagens de um filme em preto e branco.

No filme, Bergman fala de um personagem (Max Von Sydow) que retorna das cruzadas e encontra seu país arrasado pela peste negra. Quando começa a refletir sobre a vida, a morte se lhe aparece querendo levá-lo. O cavaleiro cruzado entra numa crise de fé. Para ganhar tempo, Sydow convida a morte para um jogo de xadrez. Se ele ganhar a morte deve deixá-lo em paz. Ele faz o desafio porque nunca perdeu uma partida de xadrez.

O evangelho não fala de moda. Por isso, não discutimos sobre que modelo a mãe de Jesus usava; nunca perguntamos que tipo de vestido era o mais apropriado para Maria Madalena ou para os apóstolos. O evangelho fala de situações concretas da vida que marcam a existência do ser humano.

No evangelho de hoje, tirado de Mateus 23,1-12, Jesus fala sobre os fariseus. Eles são intérpretes autorizados a Lei, mas não devem ser seguidos por diversas razões. Em primeiro lugar, porque falam, mas não praticam: gostam de fazer com que os outros cumpram o que eles mesmos não têm coragem de fazer; em segundo lugar, porque somente fazem as coisas para serem vistos pelos homens; em terceiro lugar, porque apreciam os melhores lugares na sinagoga, nas festas e adoram ser cumprimentados nas praças públicas. Por conta da sua capacidade de entender a Lei de Moisés, os fariseus gostam de ser chamados de mestres. Jesus diz que não devemos chamar a ninguém de mestre ou guia, porque Ele é o único Mestre e Guia; não devemos chamar a ninguém de pai, porque só temos um pai, que está no céu. E conclui: “Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.

Embora não fale de moda, os evangelhos falam da moda que os fariseus impuseram ao povo. Dentre as obrigações, eles mostravam-se nas praças e onde quer que se encontrassem , usando faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e punham na roupa longas franjas.

Por que Jesus abominava essa moda dos fariseus? Porque eles louvavam a Deus com os lábios, mas estavam cheios de misérias em seus corações. É por isso que Jesus pediu aos seus discípulos que os escutassem, mas não os imitassem.

O estilista Jesus é sóbrio. Ele incita as pessoas não a imitar a moda de estilistas como os fariseus. Seu modelo não é externo, mas interno.

A Quaresma é o tempo fashion dos cristãos. Nela nós devemos evitar as atitudes externas e nos revestir do amor, da compaixão e da misericórdia de Deus. Se o mundo imita a moda ditada pelos estilistas, os cristãos imitam Jesus. Ele não exige muito de nós. Pede-nos apenas ouçamos a sua palavra e a ponhamos em prática.

A qual estilista nós imitamos? Quem segue Jesus não é extravagante: é humilde e todos os modelos que desfilam em sua passarela fazem isso porque querem servir e se colocar a serviço da vida. Na passarela de Jesus, portanto, estão os pobres, os que lutam pela justiça, os mansos de coração e aqueles que praticam a misericórdia. No fim, a assinatura de Jesus é feita com a cruz!