10/02/2010 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pró-Reitoria de Pastoral
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Um político demagogo geralmente gosta de estar no meio da multidão. Ele diz tudo o que as pessoas querem ouvir; promete o que não pode cumprir; é capaz de transformar um projeto insignificante como mudar o nome de uma rua no grande projeto de todo o seu mandato.
Um político interessado no bem do seu eleitorado aprecia o povo, diz a verdade sobre a realidade da sua região e busca os recursos necessários para satisfazer os anseios da população. Não fica falando apenas coisas que o povo gosta de ouvir, mas faz os seus eleitores construírem a plataforma do seu mandato.
Jesus não era um político profissional como nós poderíamos dizer. Tinha atitudes políticas porque via seu povo sob o domínio dos romanos e também sob a égide de uma tradição desumanizadora imposta pelas autoridades religiosas do seu país. Quando viu que seus inquisidores só queriam provocá-lo, começou a expor para o povo as diferenças que existiam entre Ele e os fariseus e os mestres da Lei sobre as tradições que haviam sido criadas por eles.
Continuando o evangelho de ontem, Marcos 7,14-23 diz que Jesus deixa de lado os mestres da Lei e passa a falar diretamente ao povo. Explica que a impureza não vem de fora para dentro, mas de dentro para fora do ser humano. Mesmo os alimentos que muitas vezes são proibidos são puros. O que torna impuras as coisas é o ser humano com a maneira como lida com eles. E conclui: “O que sai do homem, isso é que o torna impuro. Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”.
Estamos vivendo um tempo de definição em todas as sociedades. Há 20 anos caiu o muro de Berlim, que dividia a Alemanha em Ocidental e Oriental. Desde a década de 1980, o Brasil deixou de ser um país autoritário para ser um país dito democrático. Contudo, persistem algumas crises de valor em nossas sociedades. Cada vez mais somos vigiados em nossa intimidade. Ao chegarmos a um restaurante há sempre uma plaquinha que diz: “sorria, você está sendo filmado”. Nas ruas, com o pretexto de manter a segurança, diversas câmeras são colocadas com vistas a controlar os passos dos cidadãos. Vivemos um big brother que transforma a nossa vida naquilo que os meios de comunicação chamam de reality show.
Diante disso, cada um procura agir por conta própria. Cada família procura formar os seus filhos de tal forma que a sociedade vira uma guerra de todos contra todos. Somente quando nos reunimos é que percebemos as nossas diferenças. O que um acha que é mau o outro acha que é bom; se condenamos a corrupção, os políticos escondem o dinheiro ganho ilicitamente nas cuecas ou nas meias. Infelizmente, a nossa democracia somente recebe esse nome porque está baseada no voto do cidadão. Pior: o cidadão brasileiro é tratado como criança, não se lhe dando a liberdade de escolher entre ser um cidadão consciente ou não. Assim, disseminam entre nós, os males, as imoralidades, as mortes, a devassidão e as fraudes, e quem não faz do jeito que queremos é considerado como alguém que está fora da realidade. Torna-se verdade a ideia de que é a sociedade quem define quem é louco ou não.
O que nos resta como cristãos? Não podemos olhar a nossa sociedade como se tudo estivesse perdido. Jesus nunca pensou isso do seu povo. Por isso, utilizava-se de todos os meios para conscientizá-lo das artimanhas dos fariseus e dos mestres da Lei. Precisamos, sim, é purificar as nossas escolhas, para que a nossa sociedade saiba construir os seus ideais baseados em valores que realmente permanecem. Caso contrário nunca iremos higienizar as nossas consciências de tantos males que ajudamos a nossa sociedade criar com a nossa omissão.
A Palavra de Deus é um norte para isso. Ela fará com que de dentro de nós saiam os valores que irão iluminar o mundo para construir a civilização do amor. Rezemos, portanto, para que a paz e a bondade sejam colocadas no coração de cada um de nós, de tal forma que a paz aparente que estamos vivendo seja a paz verdadeira de que o mundo tanto precisa.
Evento será realizado em sala de aula no bloco A