Evangelho do dia: As duas faces da Igreja

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Na festa de Santa Marta, a Igreja proclama o evangelho de Lucas 18,38-42. Lucas nos leva até Betânia, onde Jesus se encontra com as irmãs de Lázaro, Marta e Maria.

Ali, tem uma recepção amorosa. No entanto, enquanto Maria senta-se aos seus pés, Marta se entrega ao trabalho de arrumar a casa, preparar o almoço para a sua visita ilustre.

Na mitologia romana, existia um deus, Janus, o deus dos portões celestiais. Ele representava a passagem do passado para o futuro. Sua característica era ter duas cabeças.

Nós estamos acostumados a olhar Maria, a irmã de Marta, com uma simpatia especial. Ela tira tempo para a visita, escuta mais do que fala, quer tirar o máximo de proveito da presença de Jesus.

Quando se fala de Marta, geralmente nós imaginamos uma mulher muito atarefada, desinteressa com a visita, sem assuntos a partilhar, sem capacidade de escutar o que Jesus tem a dizer.

Ambas, no entanto, são o exemplo que a Igreja deve seguir. O cristão deve estar, como Maria, atento à Palavra de Deus, e como Marta, sempre disposto a praticá-la, através do serviço.

É assim que, na festa de Santa Marta, nós somos levados a receber Jesus na casa de nossa vida. A melhor imagem que o evangelho sugere hoje é a da Igreja com uma só cabeça com dupla face, como o deus Janus. Somos convidados a nos colocar a serviço dos irmãos e nisso encontrar a nossa felicidade porque tudo o que fazemos é praticar aquilo que ouvimos de Jesus.

E fiquemos atentos para não desviarmos a nossa atenção do essencial. Jesus não busca servidores, mas amigos. Tampouco busca por pessoas que façam coisas por Ele, mas por pessoas que se deixem transformar por dentro, por Ele. Assim, descobrimos que o centro da fé não é aquilo que fazemos por Deus, mas aquilo que Deus faz por nós.