26/02/2010 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pró-Reitoria de Pastoral
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Plutarco, escritor que viveu entre os anos 66 e 120 da nossa era, escreveu um livro cujo título era Como tirar proveito de seus inimigos. Ele chegou a dizer que “visto que o nosso inimigo observa curiosamente nossas ações, é necessário que estejamos atentos a nós mesmos, e essa vigilância transforma-se insensivelmente em hábito de virtude”.
Embora o ensinamento seja dado numa época em que o cristianismo estava dando os primeiros passos, o que Plutarco diz pode servir de orientação para algumas de nossas atitudes. Jesus, por exemplo, no evangelho de hoje, de Mateus 5,20-26, manda que seus discípulos estejam atentos a si mesmos se quiserem superar a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus e entrar no Reino dos céus.
O jogo das palavras de Jesus é intenso. Reportando-se ao passado, Ele dá um sentido novo à atitude dos seus seguidores. Se os antigos pregavam a resolução de um crime nos tribunais, Jesus ensinava como não chegar até a corte da lei. Se nós evitarmos chamar o nosso próximo de patife ou tolo, estaremos nos livrando dos tribunais e da condenação eterna.
Jesus é muito contundente quando se trata das relações entre nós e o próximo. Para que participemos dos cultos, devemos estar inteiramente limpos. Não podemos ter nada contra o próximo. De nada adianta, para Ele, dar uma oferta a Deus se nós não conseguimos nos relacionar com o nosso próximo. Antes de dar a nossa oferta, é preciso que nos reconciliemos com os irmãos, para não acontecer de sermos levados aos tribunais e termos que pagar com a prisão o preço das nossas incoerências.
Jesus não nos ensina como tirar proveito dos inimigos, mas como sair ganhando nas dificuldades de relacionamento. Em primeiro lugar, as pessoas que são colocadas diante de nós se irritam diante de qualquer xingamento. Logo, devemos nos precatar e não sair por ai chamando a um de tolo e a outro de patife. Isso não é cristão.
Em segundo lugar, o cristão não deve se envergonhar de ter que pedir e dar o perdão. Pelo contrário, dá sempre o primeiro passo em direção à reconciliação. Quantos casais dissolvem o lar somente porque nenhuma das partes quer ceder quando as discussões ficam acaloradas; quantos jovens não partem logo para as vias de fato quando se sentem afrontados diante dos amigos!
Se o cristão, hoje, quiser ser herdeiro do Reino dos Céus, deve, portanto, superar-se a si mesmo. Ao invés de se confrontar com os outros, deve analisar-se a si mesmo e ter a sensibilidade de perceber que basta dar o primeiro passo para que todo e qualquer conflito seja resolvido.
Vigiar-se a si mesmo é a palavra-chave. Pelo hábito da vigilância, nós podemos superar os conflitos e nos assemelharmos mais a Jesus, que, do alto da cruz, pode dizer: “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem!” Eis a regra de ouro para aproveitarmos ao máximo os ensinamentos de Jesus e mostrar ao mundo que a maneira cristã de viver supera toda e qualquer lei humana com os seus artigos mais bem elaborados. Vivendo como cristãos, o mundo não tira proveito do inimigo, mas caminha com ele para transformar este mundo no melhor dos mundos possível para se viver.
Evento será realizado em sala de aula no bloco A