Evangelho do dia: Jesus e a sua capacidade de vencer o mal

29/06/2011 - 0:00 - UCDB

Fonte: Pró-Reitoria de Pastoral

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O evangelho de hoje, de Mateus 8,28-34, apresenta-nos, de maneira simbólica e real, a ação libertadora de Jesus e a sua capacidade de vencer o mal.

A terra dos gadarenos encontra-se além das fronteiras de Israel, em território pagão. Ali alguns homens possuídos pelo demônio vão ao encontro de Jesus. Esses homens vivem entre os túmulos de um cemitério. Na verdade, eles são duplamente infelizes. Primeiro, porque estão submetidos às forças do mal e, segundo, porque, por causa disso, tiveram que ser retirados do meio dos homens de bem daquela região.

Viver entre os túmulos, era a maneira de simbolizar a exclusão da comunidade dos vivos e também mostrar a sua impureza. O evangelho diz que eles “eram tão violentos, que ninguém podia passar por aquele caminho”. Com isso, Mateus quer indicar o poder das forças do mal e como era difícil entrar naquele lugar.

O evangelista reproduz as palavras que esses homens atormentados dirigiram a Jesus enquanto Ele passava pelas cercanias do cemitério: “O que tens a ver conosco, Filho de Deus? Tu vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?”.

Estas palavras são repletas de significado. Em primeiro lugar, refletem o grau de aceitação que aqueles homens haviam assimilado, diante do diagnóstico que se lhes havia sido feito. Assim, eles apenas estavam esperando pelo momento da morte.

Em segundo lugar, eles perceberam que em Jesus havia algo diferente de todas as pessoas que haviam passado por ali. A Sua simples passagem por aquele lugar provocou neles uma inquietação interior, que os fez agir não com violência, mas com um questionamento que, ao mesmo tempo, jogava por terra o diagnóstico da sua exclusão e fazia-os cruzar os limites da própria marginalização.

O que aconteceu em seguida demonstra a intenção de Mateus em animar a sua comunidade. Ele quer mostrar ao mundo que para Jesus não existe circunstância, por mais desumana que seja, que a sua Palavra não possa alcançar. Não existe nenhuma situação de isolamento que não possa ser destruída ou qualquer desafio que não possa se tornar, através do poder de Deus, em possibilidade de salvação.

O contraste entre as lamentações dos demônios e as suas imprecações– representadas pelo seu pedido para que pudessem tomar posse dos corpos dos porcos – e a única simples e impositiva palavra de Jesus – que precisou apenas de uma ordem: “ide” – coloca em realce a soberania de Deus e a universalidade da salvação que Ele nos oferece.

A palavra de Mateus é a palavra da Igreja, naquela época e sempre. Quando Jesus se aproxima do lugar em que o ser humano está excluído e marginalizado e faz valer a sua palavra, todos podem sentir a gratuidade do amor libertador de Deus. Todas as barreiras da incomunicabilidade e as cadeias da escravidão são destruídas graças ao poder, à bondade e à proximidade de Deus.

O que a comunidade de Mateus fez e que também nós, hoje, precisamos fazer, é definir com exatidão o mal que nos aflige. Quando descobrimos a causa do nosso sofrimento, nós podemos fazer com que o mal volte para o lugar de onde nunca deveria ter saído: o abismo.

Infelizmente, há pessoas que não aceitam verem seus diagnósticos, seus preconceitos, seus julgamentos questionados. A ação de Jesus pode se transformar em verdadeiro remédio para o doente, mas num duro golpe para as certezas daqueles que haviam levado aqueles homens à marginalização. Para eles, o retorno dos possuídos pelo demônio ao seio da sociedade representava um grande prejuízo, como a perda de tantos porcos que foram lançados ao mar. Isso acontece quando a sociedade se fecha à Palavra de Jesus e se recolhe nas suas certezas.

Ao cristão cabe apenas continuar falando de Deus e sentindo-O próximo. Trabalhando em vista de seu próprio crescimento espiritual, eles continuam com Jesus, ainda hoje, sendo sinal de contradição diante das exclusões que acontecem no mundo quando retiramos Deus do universo dos nossos valores.