Evangelho do dia: Jesus ensina aos discípulos como fazer um fair play na comunidade cristã, que dev

11/02/2010 - 0:00 - UCDB

Fonte: Pró-Reitoria de Pastoral

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Hoje em dia, fala-se muito em direitos humanos, mas ainda convivemos com a violência contra as crianças e contra as mulheres. No esporte, uma das coisas mais combatidas, por exemplo, no esporte é a questão do racismo. A Federação Internacional de Futebol se deu conta de que alguns times europeus contratam jogadores africanos ou mesmo brasileiros e os torcedores os tratam como se fossem animais. Talvez a bandeira do fair play – jogo justo – devesse ser colocada não tanto para os jogadores que entram em campo, mas para a torcida que fica na arena ou para aqueles que não sabem lidar com as pessoas e reservar-lhes o mínimo de respeito humano.

No evangelho de hoje, Marcos 7,24-30 diz que Jesus foi para a região de Tiro e Sidônia, fora dos limites de Israel. Estando em uma casa, não queria que ninguém soubesse que Ele estava ali. No entanto, veio uma mulher que tinha uma filha que estava possuída por um espírito impuro. Caindo aos pés de Jesus, ela implorava que exorcizasse sua filha. Jesus disse que havia vindo ao mundo para salvar os habitantes de Israel, e concluiu: “não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”. Disse isso porque a mulher não era judia. No entanto, a mulher não se deu por vencida. Do mesmo jeito que Jesus, ela também encontrou uma maneira de chamar-lhe a atenção: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”. Jesus não resistiu a essas palavras. Mandou-a embora e ela encontrou a filha em casa, livre do espírito que a atormentava.

Quem lê esse texto pela primeira vez e sem conhecimento de causa pode encontrar nele possíveis ranços de racismo ou preconceito. Jesus, no entanto, não poderia agir assim porque estava fora do seu país, numa região pertencente ao Líbano. Todos nós sabemos que a sua fama havia se espalhado para fora dos limites de Israel. Outro dado importante é que Jesus ali acompanhado dos seus discípulos. Certamente, estavam ali para refazer as forças, principalmente físicas.

Mas o diálogo entre Jesus e aquela mulher não traz nenhum indício de preconceito ou de racismo. Pelo contrário, Jesus queria mostrar para os seus discípulos que a ação de Deus não conhece fronteiras. Quando falou com ela naquele tom, Jesus queria saber qual seria a reação dos seus seguidores e também mostrar como deveriam agir quando estivessem sem Ele, pregando o evangelho a todas as nações, porque a ação de Deus através de Jesus tem por finalidade formar uma comunidade humana universal, baseada na fraternidade e no amor.

Jesus também queria mostrar para os seus discípulos que o critério para a construção dessa nova humanidade é a fé. Para eles, era preciso fazer um teste sobre a capacidade de a mulher crer ou não. E ela acreditou. Por isso o milagre aconteceu. Os discípulos deveriam aprender também que a marca registrada da comunidade universal querida por Jesus também se encontra na acolhida aos necessitados. Muitos resistem ao projeto de Deus. Somente aqueles que se deixam vencer por Ele é que podem trabalhar para a construção de um mundo mais irmão. E aquela mulher demonstrou que a salvação pode vir de Israel ou de qualquer lugar e entendeu que Deus é o Senhor do mundo e da história.

Outro ensinamento que Marcos nos transmite neste evangelho é o seguinte: para que alguém seja curado não é preciso a presença física de Jesus próxima do doente. Para ele, basta tão somente o efeito da fé de quem pede e da força da palavra de Jesus. Hoje, Jesus quer repetir para nós o mesmo que disse para aquela mulher sírio-fenícia: “Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha”.

Portanto, longe de qualquer atitude preconceituosa em relação às mulheres, à raça ou a qualquer outro tipo de discriminação, Jesus nos ensina a ter atitudes justas e acolhedoras em relação às pessoas. Às vezes, muitas pessoas o procuram. No entanto, quando Ele faz o teste da fé, elas não resistem e desistem de continuar a pedir a graça de que necessitam. Jesus, ao mesmo tempo, ensina aos discípulos o fair play da comunidade cristã, que deve jogar de maneira limpa com todas as pessoas, vendo nelas a imagem de Deus.

Hoje, lembramo-nos de Nossa Senhora de Lourdes. Maria apareceu a Bernardete Soubirous, em Lourdes, e deixou como pedido que a humanidade pense na importância da Eucaristia, que é capaz de dar alívio aos sofrimentos e às dores dos doentes. Que nós sejamos capazes de imitar o exemplo de Maria, que sempre aponta para Jesus como Deus a ser seguido e modelo a imitar na construção de uma humanidade mais justa, mais fraterna e mais acolhedora, principalmente dos pobres e dos fracos. Que nós também nos encontremos com Jesus na Eucaristia, como pedia Nossa Senhora de Lourdes e assim seremos curados do mal maior que possa existir: a falta de fé.