23/02/2010 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pró-Reitoria de Pastoral
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Quando trabalhava em Araçatuba, havia na casa salesiana uma mulher simples, que trabalhava na faxina. Certo dia, nós nos reunimos para um momento de oração, durante a novena de Natal. O grupo, postado ao redor do altar, foi convidado, num determinado momento, a fazer com as próprias palavras a sua oração. A maior parte dos que estavam ali eram pessoas com formação superior e não foi capaz de abrir a boca para rezar. Aquela mulher simples segurou forte no banco em que estava sentada, e começou a rezar com palavras que verdadeiramente saíam do seu coração. Foi uma das experiências mais gratificantes que já tive como padre.
O tema do evangelho de hoje, de Mateus 6,7-15, é a oração. Sabemos que Jesus nos convoca a fazer três coisas durante a quaresma: o jejum, a caridade e a oração. Neste evangelho, Jesus dá mais algumas regras para que seus discípulos possam seguir quando forem rezar e dá também um modelo de oração para que todos possam seguir.
As regras para a oração descritas hoje por Mateus são, em primeiro lugar, não usar muitas palavras, como fazem os pagãos. Segundo Jesus, eles são prolíferos em palavras porque acreditam que é pela força de muitas palavras que serão ouvidos por Deus; em segundo lugar, nós devemos saber que Deus já sabe daquilo que precisamos antes mesmo que nós peçamos.
As regras que Jesus nos dá são simples, mas são carregadas de significado. Aquela mulher simples de Araçatuba foi capaz de expressar seus pedidos em menos de um minuto, mas falou o que todos naquela hora estavam querendo pedir, mas não tinham coragem. E ela começou a sua oração justamente falando que Deus já conhecia as suas necessidades.
Jesus também nos dá um modelo de oração. O seu modelo de oração, em primeiro lugar, remete-nos às coisas do alto. Faz-nos olhar para o seio de Deus e perceber a sua grandeza, santificar o seu nome e desejar a implantação da ordem do Reino dos céus aqui na terra. Na terra, nós olhamos a humanidade, as suas necessidades e os seus pecados. Do céu nós olhamos o Pai que alimenta os seus filhos e a total harmonia que Ele faz reinar sob o seu domínio. É por isso que a nossa oração deve começar chamando a Deus de Pai.
Em segundo lugar, nós nos voltamos para a nossa realidade da terra. Na terra, temos necessidade de pão, de perdão dos irmãos e de ser livres da tentação e de todo os males. Aquela mulher simples falava justamente de suas necessidades, mas sabia reconhecer as próprias falhas, principalmente em relação aos irmãos. Foi capaz de dizer que precisava pedir perdão à própria mãe por algumas coisas que havia cometido quando jovem.
No Pai nosso há duas petições especiais que podem nos ajudar a unir o céu à terra. Trata-se do pedido do pão: o pão nosso de cada dia nos dai hoje; e do pedido de perdão: perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
Em relação ao pedido do pão, nós podemos dizer que ele está no centro do Pai Nosso. Na verdade, trata-se de entendermos que ali está o pedido do pão material e também do pão espiritual. O pão material é necessário para o sustento do corpo e o pão espiritual é necessário para o sustento do espírito. Em relação a este último, a nossa oração deve ser entendida assim: dai-nos hoje o pão que iremos degustar amanhã no Reino dos céus. Esse alimento Jesus já nos oferece através da Eucaristia.
A outra petição nos leva diretamente também ao fim do evangelho de hoje: perdoai-nos as nossas ofensas... e no fim do evangelho Jesus diz: “se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes”.
Então, a oração do cristão só tem sentido se ele buscar viver com intensidade o perdão. Perdoar significa agir como Deus, que diz: “Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro” (Is 43,25). O perdão que nós damos deve ser igual ao de Deus: esquecido, no amor.
Como podemos ver, Jesus nos dá algumas regras de ouro para que possamos fazer a nossa oração. Não importa a situação em que nós vivemos, sempre teremos a oportunidade de nos colocar diante de Deus, que é Pai e nos ama. Ele nos coloca na dinâmica do seu Reino que é santo, que precisa estar no meio de nós, para que possamos fazer deste mundo o lugar da presença de Deus.
Como você tem rezado?
Evento será realizado em sala de aula no bloco A