Evangelho do dia: O projeto de vida de Jesus era a realização das promessas de Deus para o seu povo

07/01/2010 - 0:00 - UCDB

Fonte: Pró-Reitoria de Pastoral

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Uma pessoa pode passar pelas diversas fases da vida e em cada uma delas ter um momento de iniciação ou de conclusão de uma etapa. É assim que acontece na vida de um estudante. Desde os primeiros anos de estudos, nós nos formamos no prezinho, terminamos o nono ano e temos uma festa de conclusão do ginásio; ao final da terceira série do ensino médio, fazemos a festa de conclusão da educação básica. Após a faculdade – é lógico que nem todos podem fazer uma –, vem a alegria por receber um diploma que é como uma chave que pode nos abrir as portas da vida.

Na vida cristã, a pessoa também passa por diversos ritos que marcam as fases de sua vida. O batismo é como um novo nascimento para Deus; nós confirmamos a nossa fé, com a crisma; confessamos os nossos pecados; recebemos a eucaristia; muitos celebram o sacramento do matrimônio; outros se dedicam a um serviço específico dentro da Igreja; todos podem receber a unção dos enfermos, que nos prepara para a entrada definitiva no Reino dos céus.

Também Jesus passou por diversos ritos de iniciação. Nós estamos ainda no período do Natal, mas sabemos que os pais de Jesus cumpriram com todas as obrigações que um bom judeu deve cumprir. Jesus foi circuncidado, recebeu um nome e foi apresentado ao templo. Quando tinha doze anos, foi até Jerusalém com seus pais e ali realizou a famosa cerimônia do Bar Mitzvah. Essa é uma cerimônia muito cara aos judeus. Nela, o menino se torna “filho do preceito”, isto é, torna-se adulto na sua fé e pode ler na sinagoga e discutir as Escrituras com os mais velhos.

No evangelho de hoje, Lucas 4,14-22 fala que Jesus está começando a sua vida pública e volta à cidade de Nazaré. Sua fama, porém, já era conhecida de muita gente. Em sua terra, junto com sua gente, Ele foi à sinagoga, num dia de sábado. Ali, foi-lhe dado o livro do Profeta Isaías para ler. Ele abriu o rolo e encontrou uma parte do livro que dizia: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor”.

Todos os olhos das pessoas que estavam na sinagoga se voltaram para Jesus. Seus conterrâneos queriam saber qual a interpretação que Ele daria para esse trecho de Isaías. Mas Jesus entregou o livro ao ajudante, sentou-se e limitou-se a dizer: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. E Lucas termina o texto dizendo que todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca.

Os judeus estavam esperando por um Messias, isto é, por uma pessoa ungida por Deus, que iria devolver a liberdade ao povo e trazer a salvação de Deus. Quando Jesus leu as palavras do profeta Isaías, estava ali, diante de todos, o projeto de vida que Ele deveria cumprir.

Em primeiro lugar, Jesus era o ungido esperado por Israel e o Espírito do Senhor estava sobre Ele. Àqueles que esperavam a realização das promessas messiânicas, Jesus apenas confirmou o que o texto dizia que a profecia já estava se cumprindo. A sua fama se devia ao fato de que curava os doentes e expulsava os espíritos impuros que atormentavam a vida das pessoas. Ele não curava qualquer tipo de doença: Jesus purificava os leprosos, devolvia a vista aos cegos, a audição aos surdos e curava os paralíticos.

Em segundo lugar, tudo o que Jesus realizava era um sinal da presença de Deus no mundo. A libertação dos cativos e a libertação dos oprimidos significavam o fim da marginalização a que muitos doentes eram submetidos, sendo excluídos como indignos do seio da comunidade.

Em terceiro lugar, Jesus queria anunciar um ano de graça da parte do Senhor. Para o judeu o ano sabático devia ser um ano em que tudo o que era espúrio deveria ser purificado principalmente nas relações sociais. Os escravos recebiam a libertação, as terras voltavam aos seus donos originais e todas as dívidas contraídas eram saldadas.

Com o passar do tempo, essas tradições foram sendo descumpridas; ninguém mais sabia quem eram os donos primitivos da terra, e, pior, o povo era submetido a uma religião que não para a qual valiam mais os preceitos impostos pelos homens do que a própria Lei de Deus.

O que Jesus anunciou foi o início de outra era. Para isso, Ele teve que chamar a atenção dos seus irmãos para voltar às experiências passadas, fazer um profundo exame de consciência de suas ações e recomeçar tudo sobre bases novas, pois nele se encarnava a esperança do povo. Jesus mostrou quem Ele realmente era para os seus conterrâneos. Apresentou-lhes também o seu programa de vida. Passou na cerimônia de formatura, porque seus irmãos ficaram admirados com as palavras que saíam de sua boca.

E nós, os batizados de hoje, como nos saímos nas diversas cerimônias que celebramos? Será que ficamos apenas no ritual ou marcamos cada momento como o fim de uma etapa e o início de outra em nossas vidas? Jesus não deixa dúvidas de que o Espírito de Deus está sobre Ele e também sobre cada um de nós. Com nossas atitudes, podemos mudar o mundo, melhorar a qualidade de vida de tantos irmãos que sofrem e oferecer palavras de esperança para todos os que vivem como se a vida não tivesse mais sentido. Todos os dias, após cada Eucaristia de que participamos, nós deveríamos repetir as mesmas palavras de Jesus na sinagoga de Nazaré: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. E o que poderíamos esperar disso seria a graça de Deus nas nossas vidas e na vida de tantos irmãos que sofrem.

Senhor, não permitais que me deixe levar por entusiasmos superficiais, ou meros sentimentos de simpatia. Dai-me uma fé profunda e séria, nascida de vossa presença em mim. Guardai-me nos momentos de fraqueza e de dúvida, para que não me deixe abater. Aumentai meu amor por vós, de modo que seja capaz de renúncias, e procure apenas agradar-vos sempre e em tudo. Amém.

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