Evangelho do dia: O tempo do exame de consciência

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Na visão de Ezequiel, de que fala a primeira leitura de hoje, a água que dá saúde e vida simboliza a graça que Deus dispensa em abundância no tempo da salvação trazida pelo Messias.

Esse tempo chegou com a encarnação de Jesus. Este é o motivo pelo qual Jesus, de acordo com o evangelho de hoje, de João 5,1-16, não leva o doente até a piscina de Betesda, a fonte da graça do Antigo Testamento, mas o cura por meio do seu próprio poder.

Além do mais, ele realiza o milagre em dia de sábado. E mais: ainda ordena ao paralítico que tome a sua cama, também em dia de sábado.

A razão para Jesus agir assim é simples: com ele, chegou o tempo de uma nova aventura para humanidade: a graça de Deus se torna maior do que a lei, e ele é o Senhor do sábado.

No sacramento do batismo, todos fomos integrados ao tempo de Jesus, ao tempo do Messias, e, curados da paralisia, recebemos a ordem de ir e produzir frutos da vida no Espírito.

Hoje, Jesus chama a nossa atenção da mesma forma que chamou a atenção do paralítico: devemos ter medo de voltar a cair na escravidão do pecado, a fim que a nossa paralisia espiritual de cristãos não seja mais grave do que a paralisia do paganismo do qual ele nos libertou.

O tempo da Quaresma é o tempo do exame de consciência. Inclusive no Brasil, o mundo cristão e pós-cristão parece estar caindo numa nova espécie de paganismo, na idolatria do dinheiro, do sucesso e do poder.

Será que nós não já estamos com alguma paralisia por não saber vencer o mal social, a corrupção política, a desordem na família e também na vida pessoal? As estruturas do mal social não se tornaram o leito no qual jazemos com a doença do pecado? Ou a nossa cama na qual jazemos paralisados não são as opiniões ou a moral que desrespeita a vida e a família?

Jesus convida a todos nós a nos convertermos. Ele nos oferece a reconciliação com o Pai e a cura. Ele nos diz, hoje: “Levanta-te,

pega na tua cama, vai e pratica o bem”. Cada um de nós, ouvindo o evangelho de hoje, deve encontrar a sua própria missão na ordem de Jesus: “vai, e não peques mais!”.