03/02/2010 - 0:00 - UCDB
Fonte: Pró-Reitoria de Pastoral
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A política é o espaço para o escândalo. Volta e meia aparecem notícias na televisão, nos jornais ou na internet sobre corrupção ou mau uso dos recursos públicos. Os poderes da República, que deveriam ser independentes, andam de mãos dadas, de tal forma que o judiciário não condena as autoridades, o legislativo não pune os seus pares e os ministros ou secretários fazem de tudo para estar a serviço dos partidos, quando deveriam servir ao País.
Também a religião é espaço para escândalo. Mas a Bíblia, ao mesmo tempo em que fala do escândalo de maneira negativa, mostra que ele também pode ter alguma característica positiva. Jesus diz que se causarmos escândalos aos pequeninos nós devemos cortar a nossa mão ou o nosso pé ou, ainda, arrancar o nosso olho ou a nossa língua (Mt 5). Do mesmo modo, é advertido quem se escandalizar de Jesus. Jesus, porém, com suas palavras, causou escândalo nos fariseus, porque procurava mostrar como se entra no Reino de Deus enquanto que eles ensinavam como sair (Mt 15,7-12).
O evangelho de hoje, de Marcos 6,1-6, diz que os nazarenos ficaram escandalizados com o que Jesus fazia e falava. Isso aconteceu quando, num dia de sábado, Ele foi, com os seus discípulos, à sinagoga e, após ler, começou a pregar. Os nazarenos ficaram admirados com suas palavras, mas elas doeram tanto em suas consciências que ficaram escandalizados. E Jesus concluiu: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. E Marcos conclui, dizendo que em Nazaré Jesus não pode realizar milagres por causa da falta de fé dos seus conterrâneos.
Por intermédio de Lucas, sabemos que Jesus pegou o rolo das Escrituras que lhe foi dado e leu uma passagem do Profeta Isaías que Ele aplicou a si (Lc 4). Marcos é mais sintético na sua apresentação. Mas ele informa que Jesus não temeu mostrar aos nazarenos que se eles seguissem seus ensinamentos, seus projetos e sua orientação, uma nova ordem iria ser instalada no mundo. Eles não gostaram disso, porque significaria uma corrupção das suas tradições, e poderiam ser cobrados por isso pelo poder central de Jerusalém.
Jesus percebeu que eles não seriam capazes de sair do seu mundinho. Faltava-lhes visão de futuro, de esperança, de renovação. Eles eram como aquele professor que, diante competência tecnológica do seu aluno, fala mal da tecnologia, porque não é capaz de manusear um data-show ou mesmo um pen driver. Quem age assim só espera o tempo da aposentadoria para se retirar e viver feliz os últimos dias de sua vida.
Mas Jesus não queria que seus conterrâneos fossem assim. Eles precisavam ser chacoalhados, para sair da sua rotina. Ele mesmo havia saído de Nazaré e havia se mudado para Cafarnaum. Essa mudança lhe havia sido providencial. O contato com a realidade dos pescadores e com os pagãos e o conhecimento das causas pelas quais Israel deveria lutar o fizeram abrir os olhos. Infelizmente, os nazarenos não foram capazes de fazer o mesmo. Por isso, a visão diferente de Jesus os deixou escandalizados.
Esse é o escândalo positivo. Ele não é causado pela corrupção dos valores da família ou pela má gestão da coisa pública, mas pela capacidade de Jesus de fazer as pessoas perceberem que o maior escândalo que possa existir é não dar espaço ao novo e a um futuro de esperanças. Esse escândalo exige uma capacidade de a pessoa reinventar a sua existência a partir dos valores do evangelho. Para isso, é preciso mudar de vida, transformar a fé e se encontrar com Jesus.
Os conterrâneos de Jesus não foram capazes de dar esse salto na fé. Muitos cristãos de hoje seguem pelo mesmo caminho. Por isso, a nossa sociedade se acostuma com a corrupção e com os escândalos, aceitando os discursos proferidos pelas autoridades que explicam o que não pode ser explicado e engole tudo, para não quebrar o pacto social sobre o qual ela está assentada. Será que não está na hora de mudar isso? Se existe ainda fé em nós, peçamos a Jesus que nos cure da falta de ação que não nos ajuda a fundar a nossa sociedade nova, baseada numa tradição que aponte para frente e não para o retrocesso. É assim que nós podemos testemunhar Jesus hoje.
Evento será realizado no auditório do bloco M
Evento será realizado em sala de aula no bloco A