Evangelho do dia: Os parentes e a mãe de Jesus

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O evangelho de hoje, de Mateus 12,46-50, apresenta-nos Maria. Geralmente, o texto de Mateus apresenta Maria de uma maneira passiva. É José quem recebe o aviso do anjo para tomar Maria por esposa. É ele também quem recebe o anúncio para fugir com o Menino e a Mãe para o Egito, até o momento marcado por Deus.

Como, então, podemos analisar o texto de hoje? Ele parece tão contrário ao que acontece na teologia, na devoção, na história da arte, no culto e na oração cristãs.

Na verdade, o texto de Mateus é muito sóbrio no que diz respeito à família de Jesus. É como Jesus tivesse fundado uma grande corporação. Após sua morte, parece que os herdeiros quiseram tirar proveito da marca cristã.

Isso, no entanto, explicaria apenas em parte o texto de hoje: “Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém disse a Jesus: ‘Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo’. Jesus perguntou àquele que tinha falado:

‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’. E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: ‘Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe’”.

Sim. Explicaria em parte porque não existe negatividade nas palavras de Jesus. Jesus está sendo coerente à própria mensagem que até então está anunciando. Na verdade, Ele não interrompe a sua missão para falar com Maria ou com qualquer um dos seus parentes. Ao contrário, sua prioridade é missão.

O que Jesus quer acentuar, com a sua maneira de falar, é que o anúncio do Reino deve ultrapassar os limites da família, ir além, e se tornar algo mais interior à pessoa. Do processo de escuta da Palavra que Ele anuncia deverá surgir, necessariamente, a firme resolução de realizar a vontade de Deus no mundo.

E Maria é, então, apontada como modelo dessa escuta. É quase como se dissesse: “minha mãe e meus irmãos ouvem a palavra de Deus e a colocam em prática: faça o mesmo!”.

Eis aí uma maneira de reler o texto. Olhando assim, ele sai da sua negatividade para conquistar um novo lugar no coração dos fiéis.

De qualquer forma, Maria é notada por aqueles que estão com Jesus. Também nós somos chamados a buscar Jesus como o fez Maria. Ela não mede sacrifícios para nos ajudar a nos posicionar o mais próximo possível d’Ele. Para isto, basta pouco: fazer da Palavra que Ele anuncia o princípio da nossa ação em vista do amor, da justiça, do bem, de tudo aquilo que agrada a Deus e aos homens!