22/04/2025 - 7:06 - UCDB
Fonte: Missão Salesiana de Mato Grosso
Veja as últimas notícias da UCDB para você que está interessado em UCDB
O Papa Francisco construiu seu caminho entre os que mais sofrem. Seu pontificado não se afastou das multidões, mas se aproximou das margens. Com palavras diretas e gestos consistentes, apresentou uma Igreja sem grades e sem pedestal. Conduziu os fiéis com firmeza, ensinando a fé como acolhida, e não como fronteira. A Igreja, para ele, sempre existiu como casa, e nunca como fortaleza.
Desde os primeiros passos como sucessor de Pedro, caminhou com os pobres, escutou os silenciados e manteve abertas as portas da Igreja. Tocou as feridas da humanidade e apontou para Deus como presença próxima, como fonte de compaixão e ternura. Enfrentou estruturas endurecidas, desafiou indiferenças e jamais desviou os olhos da missão de anunciar a justiça.
Jorge Mario Bergoglio nasceu no bairro das Flores, em Buenos Aires, no dia 17 de dezembro de 1936. Criado em ambiente cristão, decidiu ingressar na vida religiosa aos 17 anos. Formou-se em Química e, aos 21, iniciou os estudos filosóficos na Companhia de Jesus. Recebeu a ordenação presbiteral em 13 de dezembro de 1969.
O jesuíta assumiu a função de Provincial da Ordem na Argentina entre 1973 e 1979. Em 1992, tornou-se bispo auxiliar de Buenos Aires e, em 1998, assumiu o arcebispado da capital argentina. Atuou junto às populações empobrecidas e denunciou desigualdades sociais. No Conclave de 2005, surgiu entre os nomes mais votados, embora não fosse ainda seu tempo.
Em 13 de março de 2013, após a renúncia do Papa Bento XVI, o mundo conheceu o primeiro pontífice vindo do continente americano e o primeiro não europeu em doze séculos. Escolheu o nome Francisco, em referência a São Francisco de Assis, e recusou os aposentos do Palácio Apostólico, preferindo viver na Casa Santa Marta.
Na primeira viagem apostólica, dirigiu-se à ilha de Lampedusa, onde denunciou o abandono dos migrantes e convocou o mundo à responsabilidade.
Durante seu pontificado, Francisco fez da misericórdia a principal linguagem da Igreja. Apresentou um Deus que acolhe, sem julgar, e que abraça, sem excluir. Atuou como voz ativa em tempos de crise, chamando atenção para os grandes desafios da humanidade.
Publicou quatro Encíclicas. Em Lumen Fidei (2013), apontou a fé como luz para a existência. Já na carta Laudato Si’ (2015), convocou à conversão ecológica e ao cuidado com a criação. E na encíclia Fratelli Tutti (2020), reafirmou a fraternidade como caminho universal. E com Dilexit Nos (2024), refletiu sobre o amor humano e o Coração de Cristo. As quatro obras tornaram-se trilhas de reflexão e ação para além dos muros da Igreja.
Francisco também se aproximou das juventudes nas Jornadas Mundiais da Juventude. Encontrou-se com elas no Rio de Janeiro (2013), em Cracóvia (2016), no Panamá (2019) e em Lisboa (2023). Em cada encontro, comunicou esperança e proximidade. Com doentes, com presos, com os pobres, conduziu seus gestos com coerência pastoral.
Diante das guerras na Síria, no Iémen, na Ucrânia e em países da África, ergueu a voz contra a violência e o armamento. Defendeu o diálogo como único caminho possível. Em 2020, durante a pandemia de COVID-19, rezou sozinho na Praça de São Pedro. No silêncio da praça vazia, sua oração buscou acolher os sofrimentos de toda a humanidade.
A relação de Francisco com o carisma salesiano moldou parte de sua trajetória. Como antigo aluno do Colégio Salesiano Wilfrid Barón de los Santos Ángeles, em Ramos Mejía, teve contato direto com a pedagogia de Dom Bosco. Essa experiência marcou sua atuação como sacerdote e bispo, mantendo o apoio constante à missão dos Salesianos entre os mais vulneráveis.
Com estilo direto, defendeu que “educar é um ato de amor”, ecoando o pensamento de Dom Bosco. Em sua Exortação Christus Vivit (2019), escrita para os jovens, incorporou valores fundamentais do Sistema Preventivo: protagonismo juvenil, escuta e proximidade.
Ao longo dos anos, Francisco fortaleceu laços com a Família Salesiana. Sua forma de evangelizar refletiu traços do espírito salesiano: alegria, escuta, simplicidade e compaixão. Sua presença entre os jovens e seu apreço pelas iniciativas educativas sempre apontaram para a construção de uma Igreja viva e acolhedora.
Francisco declarou que “a misericórdia é o verdadeiro rosto de Deus”. Essa compreensão guiou suas decisões, inspirou seus textos e alimentou suas ações. Não se limitou ao papel institucional, mas viveu como irmão entre irmãos.
Ao encerrar seu ciclo à frente da Igreja, deixou um legado que ultrapassa documentos e discursos. Francisco viveu o Evangelho com gestos que dialogaram com a dor do mundo e convocaram à esperança. Na memória dos povos, permanecerá como aquele que caminhou com os pequenos, ouviu os esquecidos e acreditou, até o fim, que a esperança jamais deve ser perdida.
Com informações: Boletim Salesiano de Portugal
Imagem: Ricardo Stuckert/Presidência da República